É possível avaliar o cotidiano de uma sala de aula?

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Há quase três décadas que a educação brasileira lida com as avaliações externas que visam medir habilidades e competências dos alunos. Elas são instrumentais que possuem uma periodicidade específica e com constantes aprimoramentos. As mudanças nas legislações educacionais, como a recente lei que regula o Ensino Médio, além de aspectos como carga horária e o perfil dos itinerários formativos, podem impactar nas avaliações externas. Quando se fala em avaliar, de forma preliminar, trata-se de emitir um juízo de valor sobre as relações estabelecidas em sala de aula no que diz respeito às práticas de ensino e ao processo de aprendizado, o que passa inclusive pela atuação profissional do (a) professor (a). As disciplinas formalizadas, seus respectivos conteúdos e os conhecimentos apontam na direção de uma sala de aula focada, aparentemente, neste aspecto ressaltado que se convencionou entender e aceitar.

Entretanto, as relações em uma sala de aula sugerem múltiplas interações entre todos os seus envolvidos, em especial, entre professores e alunos e entre alunos. A ação do (a) professor (a) é complexa frente aos diversos desafios que lhe são apresentados diariamente, que incluem execução do planejamento e constantes mediações no que se refere às questões de natureza comportamentais. Em todas as situações, por outro lado, sempre haverá uma avaliação informal ou não previstas nos manuais que são impostas pelo próprio trabalho que envolve seres humanos em constante interação, ensejando conflitos, competições e outros elementos pertinentes, como a inclusão escolar, todos desafiadores para a atuação dos educadores.

A cada momento, de fato, o profissional da educação está avaliando a sua própria conduta e os comportamentos dos seus educandos, o que leva ao seguinte questionamento: esse ato de avaliar ocorre a partir de quais critérios? Avaliar sem critérios é desafiador por não apresentar de forma clara quais os elementos comportamentais que se espera de forma preliminar da sua turma, por parte do professor. No constante movimento em sala de aula e na sua dinâmica, muitas situações são percebidas pelo professor, gerando uma resposta a partir de um “julgamento”, ou avaliação prévia, que pode resultar em um elogio, uma crítica, uma censura, uma sanção disciplinar, além de outros. O que se tem preliminarmente como critério de avaliação para os professores são os seus valores morais, e é através desse critério que suas condutas são apresentadas naquele cenário. Há, portanto, um movimento de acompanhamento das condutas e de comportamentos dos educandos.

Uma boa formação moral permite, enfim, em tese, as trocas constantes de experiências e as intervenções adequadas para cada situação apresentada em sala, por isso é imprescindível que o ato educativo seja reconhecido como um gesto complexo, que exige lidar com múltiplas realidades, mas que deve ser precedido de bons valores por parte de todos, o que para os educandos ainda é um início de caminhada.

Prof. Dr. Jeimes Mazza Correia Lima
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu
Doutor em Educação Brasileira, mestre em Educação, especialista em Metodologias em Ensino de História e licenciado em História.

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