O cobogó é um elemento de vedação vazado e modular, tipicamente brasileiro, que proporciona iluminação e ventilação natural, a partir de conceitos básicos da Arquitetura Bioclimática. A sua criação ocorreu em 1929 por três pessoas que trabalhavam na construção civil, o comerciante português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernst August Boeckmann e o engenheiro pernambucano Antônio de Góes (iniciais dos sobrenomes que formaram o nome do elemento).
Os três inventores que moravam em Recife criaram uma solução para amenizar as condições climáticas no interior das casas nordestinas, levantando paredes sem vedar a entrada de ar no ambiente, inspirado no Muxarabi (Mashrabiya), elemento tradicional da arquitetura árabe, que consiste em treliças de madeira instaladas nas sacadas e janelas das casas, com o intuito de que as mulheres não fossem vistas no interior do edifício. Este recurso foi também utilizado, de maneira adaptada, na arquitetura colonial brasileira.
Adotado pela Arquitetura Modernista, o cobogó passou a ser popularizado e muito utilizado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Nos anos 1940 e 1950 esse elemento construtivo começou a ter o seu espaço dentro das casas, servindo de divisor de ambientes. Ainda no final da década de 1950 foi muito utilizado na construção da nova capital do país, adotados em residências e edifícios públicos do plano piloto.
Já na década de 1960, foi amplamente utilizado nas fachadas posteriores, onde estavam localizadas as áreas de serviços, justamente pela sua capacidade de aeração. Com isso, foi caracterizado como um elemento construtivo pejorativo, utilizado para os “fundos” da edificação, e acabou caindo em desuso nas décadas seguintes. Nos últimos anos, o elemento voltou com força total na arquitetura e decoração, em busca da identidade cultural nacional do elemento. Inicialmente, foi criado em concreto, mas hoje pode ser encontrado repaginado em diversos tipos de materiais, como mármore, vidro, cerâmica, resina, PVC, acrílico, madeira e, também, em diversas cores.
Sob a ótica da sustentabilidade, o seu uso atende a várias premissas da arquitetura sustentável, como iluminação e ventilação natural e a valorização da cultura local. O elemento é uma identidade da arquitetura nacional. Criado para o clima tropical, proporciona eficiência energética, pois filtra o sol e garante ventilação permanente, o que diminui a necessidade do uso de ar-condicionado e iluminação artificial nas edificações. Além da função estética, seus desenhos garantem um jogo de luz e sombras únicos e, também, conferem privacidade ao interior.
Prof. Me. Frederico Augusto Nunes de Macêdo Costa
Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Doutorando em Planejamento Urbano, mestre em Geografia Urbana, especialista em Gestão Ambiental e em Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental e aos Recursos Hídricos e arquiteto e urbanista
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