Segundo o Conselho Federal de Odontologia, em sua Resolução nº 185 de 26 de abril de 1993, a cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial possui como objetivo o diagnóstico e o tratamento cirúrgico e coadjuvante das doenças, traumatismos, lesões e anomalias congênitas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, e estruturas craniofaciais associadas. Diante disso, a atuação da especialidade no Sistema Único de Saúde (SUS) é vasta e se concentra, predominantemente, no nível secundário e terciário de atenção à saúde.
Nesse sentido, a atuação do cirurgião bucomaxilofacial nos centros de especialidades odontológicas (CEOs) estão voltados a cirurgias mais complexas e condições técnicas mais avançadas, podendo limitar a atuação da atenção primária. Em unidades básicas de saúde (UBS), os procedimentos realizados podem ser a eliminação de focos infecciosos e adequação bucal para posterior encaminhamento.
Na atenção secundária, são realizadas cirurgias orais de grau de menor complexidade, quando comparados aos hospitais. Entre os procedimentos, evidencia-se as cirurgias de terceiros molares impactados, cirurgias pré-protéticas, remoção de cistos e tumores menores, remoção de lesões não neoplásicas das glândulas salivares, tratamento de fraturas dentoalveolares e luxação de ATM. Casos fora de alcance do porte técnico dos CEOs são encaminhados para hospitais da atenção terciária.
Pelo trauma facial ser um grande problema de saúde pública, é primordial a presença de um cirurgião bucomaxilofacial nos grandes centros de urgência e emergência, na atenção terciária. A região da face é demasiadamente susceptível durante acidentes automobilísticos, de trabalho, esportivos, de agressões, dentre outras causas. Nesses casos, o cirurgião bucomaxilofacial será o profissional responsável por reabilitar esses tipos de traumas.
Também, atualmente, ainda é comum a presença de infecções odontogênicas que envolvem o complexo maxilomandibular, e muitas vezes, tal morbidade leva a distúrbios preocupantes como sepse, comprometimento das vias aéreas, e até mesmo a morte do paciente. A participação da especialidade na terapêutica e na equipe multiprofissional é de grande importância para a eliminação da causa e assegurar o suporte de vida.
Outras cirurgias que acontecem no SUS são as cirurgias ortognáticas e cirurgias em pacientes com fissuras labiopalatinas. A primeira trata-se de correção cirúrgica de defeitos dos ossos da face, conhecidos como deformidades dentofaciais; já a segunda refere-se de uma falha congênita na formação do lábio e/ou do palato, que pode ser associada a síndromes que envolvem anomalias craniofaciais. No aspecto da patologia, cabe ao cirurgião bucomaxilofacial diagnosticar e tratar juntamente com a equipe da atenção terciária tumores e neoplasias extensas dos ossos gnáticos e acompanhar a evolução desses pacientes em casos de malignidade.
Prof. Luiz Carlos Moreira Júnior
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Mestrando em Clínica Odontológica, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e graduado em Odontologia
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