Anquiloglossia e amamentação: ampliando o olhar odontopediátrico

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A língua é formada por um conjunto de músculos responsáveis pelo sistema sensório motor oral, que têm função importante durante os movimentos de sucção. O frênulo lingual é uma membrana de túnica mucosa que conecta o assoalho da boca à região ventral da língua, permitindo que a língua se movimente em diferentes direções.

A anquiloglossia ocorre quando uma pequena porção de tecido embrionário, que deveria ter sofrido apoptose no período embrionário, permanece conectando o assoalho da boca à região ventral da língua. Estão disponíveis alguns protocolos na literatura para avaliação do frênulo lingual em bebês: o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua com Escores para Bebês, que é amplo e completo; e o Protocolo Bristol, que é simples e objetivo.

Ambos os protocolos devem ser realizados na maternidade. É importante enfatizar que a avaliação do frênulo deve, necessariamente, considerar a individualidade de cada bebê e de cada família, correlacionando os aspectos da dinâmica da amamentação, características das mamas da mãe e contexto geral, por profissional com profundo conhecimento para avaliação da mamada e das estruturas orais.

O desempenho funcional do bebê na amamentação e as queixas maternas devem ser validados e correlacionados à análise de todos os outros parâmetros avaliados para definir o real impacto anatômico do frênulo sobre as funções orais. Atualmente, tem-se visto com frequência o aumento no número de cirurgias de liberação do frênulo lingual, diversas vezes, desnecessariamente.

O odontopediatra, profissional especializado na prevenção e tratamento de doenças orais em bebês, crianças e adolescentes, deve buscar conhecimento aprofundado sobre amamentação, a fim de indicar corretamente qualquer tratamento cirúrgico, especialmente em neonatos. Vale ressaltar que, por mais simples que pareça ser, a cirurgia de liberação do freio lingual envolve a aplicação de anestésico tópico e local, além de seu sucesso depender do processo de cicatrização de cada indivíduo, e, consequentemente, esse processo está sujeito a complicações, como fibrose, infecções, alergias, metemoglobinemia e sangramentos.

O neonato é um paciente sem histórico prévio, ou seja, qualquer procedimento deve ser muito bem indicado e acompanhado de perto para controlar qualquer intercorrência no menor período. Muitas variáveis devem ser consideradas e correlacionadas para que a condução do paciente com anquiloglossia siga um fluxograma criterioso que justifique a indicação da frenotomia.

Assim, é fundamental que o profissional que assiste o público materno-infantil entenda sobre amamentação, haja vista que o manejo clínico, posicionamento, ajustes de pega podem fazer toda a diferença na indicação correta de procedimentos cirúrgicos, considerando que a funcionalidade da língua na dinâmica da amamentação é soberana, mesmo que anatomicamente alterada.

Profª. Mariana Laprovitera
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Mestranda em Ciências Odontológicas, especialista em Odontopediatria e em Aleitamento Materno com ênfase em Neonatologia e graduada em Odontologia

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