A pandemia da Covid-19 paralisou a produção industrial de diversos setores da economia. Dentre os impactados, temos o setor industrial, que viu a sua produção ser reduzida diante da necessidade de fechamento temporário de suas fábricas. Esse fenômeno impactou os estoques dos insumos utilizados na construção civil. Junto à redução de estoques, viu-se aumentos na procura por serviços de reforma em edificações, aquisição de novos empreendimentos pela classe média e alta, necessidade de transformações em edificações comerciais etc., o que fomentou o mercado da construção civil.
Unindo os fatores oferta e demanda, fica nítido que haveria ampliação de custos para o setor. Agora, misture a macroeconomia com o dólar fora de controle, a alta nos juros internos, a demanda global por commodities, e chegamos às altas históricas nos preços de vários insumos essenciais para a construção civil. O aço, favorecido pela alta do dólar e alta demanda de minério de ferro pela China, viu seu preço no mercado interno crescer cerca de 60% em apenas um ano. Esse aumento significativo não é exclusividade do aço. Materiais como cimento, PVC, cabos de cobre, blocos cerâmicos, madeira, dentre outros também pressionam o setor. O setor da construção civil acumula altas nos preços de 32,09% em um ano, maior valor desde o início do Plano Real.
Apesar disso, o setor da construção civil prevê um crescimento de 44,5% em 2021, o maior valor em anos. A confiança do setor está em alta, com o índice de intenção de investir aproximando-se dos 50 pontos, conforme sondagem da indústria da construção publicado em julho/2021 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este é o maior valor observado desde 2014 e se justifica devido ao aquecimento do setor e da confiança dos empresários.
Para que o setor tenha crescimentos contínuos, é necessário a “intervenção” governamental. O Banco Central precisa atuar para reduzir a taxa de câmbio, bem como incentivar a importação de matéria-prima, zerando impostos de importação e garantindo uma oferta complementar por período determinado, até haver a estabilização do mercado e o retorno aos preços “reais” dos produtos.
Da maneira atual, sem a intervenção governamental, todos sofrem. Sofre a população que não consegue arcar com os custos de uma reforma em sua casa e sofre o setor da construção de pequeno, médio e grande porte, que não conseguem fechar novos negócios ou entregar os existentes sem que haja ajustes nos contratos.
Prof. Me. Thales Henrique Silva Costa
Coordenador do Curso de Engenharia Civil e Engenharia de Produção do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Engenharia Civil, especialista em Gerenciamento de Obras e em Engenharia Ambiental e graduado em Engenharia Civil e em Ciência e Tecnologia
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