Pensando o momento de redemocratização do país, quando da saída de um modelo de governo baseado na censura e na repressão, para uma democracia propriamente dita, o Brasil enfrentou uma verdadeira revolução na área da Saúde, numa tentativa de pensar um modelo mais integral e que rompesse com a lógica de uma saúde curativa voltada, exclusivamente, para os trabalhadores formais.
Diante disso, surgiram alguns movimentos importantes no país que se espelhavam em experiências exitosas de outros países. Essas revoluções foram importantes, porque ampliaram a concepção de saúde que se tinha e, baseado no modelo da Medicina Preventiva, passaram a estruturar os processos de adoecimento e de saúde de forma a acolher o sujeito que sofre no seu próprio processo de cuidado, incluindo, portanto, uma perspectiva social a um tratamento que era pensado essencialmente de forma biológica e curativa.
Nosso grande desafio hoje é lutar pela manutenção do Sistema Único de Saúde, nosso conhecido SUS, de forma a não retrocedermos em nossas conquistas no que diz respeito à participação popular no processo de pensar o próprio cuidado; na ampliação do entendimento de saúde como dizendo respeito também ao acesso da população a uma vida digna e que preze por seu bem-estar, entendendo que a saúde tem relação direta com a qualidade de vida do sujeito; e na ideia de que a saúde é um direito de todos na prática, não somente no papel.
Pensar a saúde em nosso país é pensar também a educação, o trabalho, a cultura, o lazer, dentre outros, compondo um cenário em que o indivíduo é pensado como um ser biopsicossocial, respeitado em sua plenitude, responsável por sua própria saúde, mas que tem condições realistas de lidar com ela em suas diversas nuances. Defender o SUS é defender o direito a uma vida possível de ser vivida de forma plena, livre e democrática.
Prof. Me. Allan Ratts de Sousa
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Mestre e graduado em Psicologia
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