A literatura como parte da formação profissional

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Hoje, quando pensamos no que é fundamental para que um bom profissional se forme, seja qual for sua área, nos vêm à mente a ideia de um aprofundamento teórico e um contato o mais amplo possível com a prática da sua profissão, o que dentro dos cursos de graduação costumam ser contemplados com os estágios profissionais.

Contudo, o que muitas vezes falta nos cursos de graduação é um espaço para a formação de um profissional não apenas competente tecnicamente, mas mais humanizado, que tenha habilidade para lidar com o outro de forma respeitosa, empática, sem impor seu desejo sobre ele, mas, pelo contrário, sendo capaz de ouvi-lo, acolhê-lo e tentar ajudar naquilo que ele demanda.

Não existe um “manual” que ensine o profissional a se humanizar. Cabe a cada um buscar que essa “humanização” faça parte de seu repertório, e é ele mesmo quem deve ter essa sensibilização para empreender uma formação o mais humanizada possível. Os cursos de graduação devem tentar ao máximo prezar por incluir em sua grade de formação espaços para que essa humanização seja possível, pensando o contato humano como um ponto de importância para o desenvolvimento de habilidades que estão para além do que a teoria nos é capaz de ensinar.

Dinâmicas de grupo, trabalhos coletivos, mas também grupos de estudos fora da sala de aula, momentos de socialização com os professores, feiras das profissões em escolas de ensino fundamental e médio, onde os alunos da graduação tenham contato com estudantes que têm interesse na sua área, etc. Todas essas são possibilidades de um contato com o outro que podem fazer toda a diferença para o aluno aspirante à profissional.

Outro fator que pode contribuir significativamente com esse olhar mais ético e humanizado de qualquer profissional é o contato com a literatura. A leitura de livros lúdicos, dos mais variados conteúdos, coloca o sujeito em contato com a alteridade, com realidades que muitas vezes não são a sua, fornecendo-lhe a possibilidade de contato com novos universos, ampliando seu repertório social.

A leitura favorece a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, além de ser uma ótima forma de conhecer novas culturas, vivenciar aventuras sem sair do lugar, poder viajar para diversos cantos do mundo simplesmente se valendo da imaginação, o que é uma excelente maneira de contato entre culturas, que coloca o sujeito leitor em uma vantagem em relação a quem não vivencia esse tipo de experiência.

Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, uma vez afirmou:

[…] os escritores são aliados valiosos e seu testemunho deve ser altamente considerado, pois sabem numerosas coisas do céu e da terra, com as quais nem sonha a nossa filosofia. No conhecimento da alma eles se acham muito à frente de nós, homens cotidianos, pois recorrem a fontes que ainda não tornamos acessíveis à ciência. (FREUD, 1907/2015, p. 16).

Talvez uma ideia a ser implantada nos cursos de graduação seja o incentivo à criação também de clubes de leitura que pensem a formação cultural dos seus alunos, fazendo com que sua sensibilidade diante da humanidade possa ser aguçada, tornando-os profissionais não só habilidosos tecnicamente, mas capazes de fazer a diferença na vida daqueles para quem prestam seus serviços.

REFERÊNCIAS

FREUD, S. O delírio e os sonhos na Gradiva de W. Jensen. (1907). In: FREUD, S. Obras Completas, volume 8: O delírio e os sonhos na Gradiva, Análise da fobia de um garoto de cinco anos e outros textos (1906-1909). São Paulo: Companhia das Letras, 2015. v. 8, p. 13-122.

Prof. Me. Allan Ratts de Sousa
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Mestre e graduado em Psicologia

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