A importância da Odontologia na síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (Sahos)

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A síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (Sahos) é uma doença de causa multifatorial, ainda não totalmente esclarecida que decorre de alterações anatômicas das vias aéreas superiores (VAS) e do esqueleto craniofacial associadas a alterações neuromusculares da faringe. Existem alguns fatores predisponentes que são anormalidades craniofaciais (como mandíbulas e maxilas pequenas), obesidade, aumento do tecido linfoide da faringe, obstrução nasal, problemas hormonais (hipotireoidismo) e acromegalia e história familiar.

Podemos destacar também musculatura fraca (causada por uso de álcool, drogas relaxantes, sedentarismo, envelhecimento e respiração bucal), hipertrofia de tonsilas e úvula (devido à alergia, infecção ou traumatismo), posição de decúbito dorsal, macroglossia e retrognatia, hipotonia lingual e palato ogival. Como sinais e sintomas o paciente pode apresentar ronco alto associado a períodos de silêncio, comportamento anormal durante o sono, movimentação noturna, sonambulismo, dor de cabeça pela manhã, cansaço extremo, sensação de sufocamento ao despertar, irritabilidade, baixo desempenho e até mesmo impotência sexual, além de depressão e ansiedade. Por consequência, o paciente apresenta sonolência diurna excessiva, risco de acidentes de trabalho e de trânsito, além de déficits cognitivos e doenças cardiovasculares.

Para diagnosticar e tratar, a Odontologia tem papel fundamental. Durante a anamnese, buscar ouvir as queixas do paciente e explorar alguma sintomatologia citada acima, juntamente com exame físico. Para o exame clínico intrabucal, verificamos a presença de anatomia desproporcional por aumento de tecidos moles ou por hipodesenvolvimento da estrutura óssea maxilomandibular, assim como o tamanho das tonsilas palatinas, da úvula e do palato mole, que podem contribuir com a diminuição do espaço retropalatal, principalmente, se forem espessos e alongados.

É importante solicitar o exame polissonográfico de noite inteira, realizado em centros de estudos dos distúrbios do sono ou mesmo caseiros sob supervisão. Este exame é considerado o método diagnóstico padrão para a avaliação dos distúrbios respiratórios do sono, pois permite quantificar os eventos respiratórios por hora de sono, na forma do índice de apneia e hipopneia (IAH), sendo capaz de diagnosticar a gravidade, o tipo de apneia presente, bem como alterações cardíacas, respiratórias e cerebrais.

Podemos solicitar exames complementares de imagem, principalmente, a cefalometria ou tomografia computadorizada de feixe cônico para auxiliar na identificação de sítios obstrutivos faríngeos, para a avaliação do espaço posterior das VAS, do comprimento do palato mole, da posição do osso hioide, na verificação do padrão de crescimento e posicionamento espacial da maxila e da mandíbula que já irão auxiliar no tratamento, que pode ser, a depender da gravidade da SAHOS, medidas de higiene do sono, tratamento farmacológico, injetores de ar comprimido, utilização de aparelhos intrabucais, cirurgias, bem como a combinação de terapias.

A terapia com dispositivos intrabucais é indicada para pacientes com ronco primário, apneia leve, moderada e alguns casos de severa, para pacientes intolerantes ao uso de injetores de ar Continuous positive airway pressure (Cpap) e Bilevel positive pressure airway (Bipap), contraindicações cirúrgicas ou casos de insucessos com outras terapias.

Os aparelhos intraorais previnem o colapso entre os tecidos da orofaringe e da base da língua. Apresentam como vantagens uma boa aceitação pelos pacientes, são fáceis de confeccionar, não são invasivos e promovem bons resultados no uso em longo prazo e os poucos efeitos colaterais. Podem ser de três tipos: elevadores de palato mole, reposicionadores de mandíbula retentores de língua.

A cirurgia ortognática contribui por meio do avanço maxilomandibular. É indicada para pacientes com SAHOS severa, com obesidade mórbida, apresentando deficiência mandibular severa e saturação de oxigênio abaixo de 70%. Outros tipos de cirurgias também podem estar indicadas, como glossectomia parcial, uvulopalatofaringoplastia, glossectomia e cirurgias nasais (septoplastia, polipectomias ou turbinectomia inferior) para diminuir a resistência do ar nas vias aéreas. O paciente deve retornar ao dentista a cada seis meses e, anualmente, ao médico para avaliação das taxas e repetição da polissonografia.

Profª. Drª. Manoela Moraes de Figueirêdo
Coordenadora do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Odontologia, especialista em Radiologia, em Ortodontia e em Endodontia e graduada em Odontologia (CRO-CE 3322)

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