A amamentação como fator protetor contra a cárie da primeira infância

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças devem ser amamentadas, exclusivamente, até os seis meses de vida, e, de forma continuada, com alimentação complementar, até os dois anos de vida ou mais devido os inúmeros benefícios da amamentação, tanto para a mãe quanto para a criança, incluindo a saúde bucal. O Guia Mundial da OMS adverte que alimentos não devem ser oferecidos para crianças abaixo de seis meses.

Evidências sugerem que crianças que são amamentadas até o primeiro ano de vida tem uma menor incidência de cárie quando comparadas às crianças que ingerem fórmula láctea. O leite materno apresenta uma concentração de lactose relativamente alta e uma composição de fatores protetores como cálcio e fósforo relativamente baixos quando comparado com fórmulas à base de leite de vaca ou de soja, inclusive, sem adição de açúcar. Em relação à associação entre aleitamento materno e cárie dentária, há uma redução de 57% de cárie dentária em crianças amamentadas em comparação àquelas que usam mamadeira. Assim, o leite materno pode proteger contra a cárie precoce da infância.

Estudos em uma revisão sistemática mostrou que a amamentação até os 12 meses de idade representou um risco 50% menor de ter cárie dentária. Porém, houve um risco sete vezes maior de ter cárie para crianças em aleitamento materno noturno ou em alta frequência diária depois dos 12 meses de idade. Este resultado deve ser observado com cautela, visto que a maior parte dos estudos incluídos não controlou esses resultados pelo consumo de alimentos e bebidas açucarados.

Tendo em vista essas questões ainda não bem esclarecidas por estudos mais recentes, cabe ao odontopediatra realizar algumas recomendações prudentes a partir do primeiro ano de idade do bebê que é amamentado, tais como: evitar o consumo de açúcares livres, principalmente, de sacarose, até os dois anos de vida da criança; orientar a remoção regular do biofilme dental usando creme dental fluoretado (entre 1000 a 1500 ppmF) desde a erupção do primeiro dente; não substituir o aleitamento materno pelo uso de mamadeira; e estabelecer uma rotina de frequência diária adequada para o aleitamento materno dentro do esquema de alimentação e nutrição diário, com o intuito de otimizar o estado nutricional da criança. É importante salientar que a duração do aleitamento materno não foi colocada em questão, e sim a frequência diária do seu uso.

Referências bibliográficas:

Ending childhood dental caries: WHO implementation manual. Geneva: World Health Organization; 2019. Licence: CC BY-NC-SA 3.0IGO.

Primeiros mil dias do bebê e saúde bucal: o que precisamos aprender! / Jenny Abanto, Danilo Duarte, Murilo Feres. Nova Odessa, SP: Napoleão, 2019.

Profª. Mariana Laprovítera Teixeira Carneiro
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Especializanda em Aleitamento Materno, em Odontopediatria e em Implantodontia e graduada em Odontologia

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