As mudanças de costumes, aspectos demográficos, busca por melhor expectativa e qualidade de vida vem motivando a pesquisa e avanço de fatores etiológicos e fisiopatológicos de transtornos mentais nos últimos anos, com apoio da tecnologia e desenvolvimento de novas técnicas.
Os transtornos mentais se caracterizam por emoções e comportamentos relacionados a sofrimento psíquico e comprometimento na rotina do indivíduo. Diferente do conceito de doença, os transtornos geralmente exibem um caráter complexo, onde há uma interação entre aspectos biológicos, ambientais e genéticos.
No âmbito clínico, os transtornos exibem particularidades subjetivas associadas a alterações de humor e comportamento. Para tanto, manuais como o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), que está na versão 5-TR, com sua versão revisada publicada em 2023, apresenta-se como recurso significativo para saúde mental, orientando diagnósticos e classificações de distúrbios mentais a toda comunidade médica.
Na perspectiva do tratamento, os transtornos mentais podem envolver uma combinação de psicoterapia, intervenção medicamentosa quando necessário, e mudança no estilo de vida. As intervenções medicamentosas estão vinculadas às pesquisas farmacológicas e à interface entre conhecimento fisiológico e de alterações no contexto dos distúrbios mentais.
Nas últimas décadas, houve o aperfeiçoamento de descobertas farmacológicas a partir do conhecimento de vias neurais e alvos relacionados à fisiopatologia e etiologia de determinados transtornos. Entretanto, mesmo com tantas descobertas, ainda existem lacunas substanciais pertinentes ao conhecimento de todas as alterações fisiológicas presentes e que culminam no desconhecimento de alvos farmacológicos mais específicos e com maior efetividade.
Com isso, diversos grupos de pesquisa da área de psicofarmacologia de todo o mundo vêm estudando estratégias de delineamentos experimentais que compreendam vias neuroquímicas, moleculares e comportamentais pré-clínicas e clínicas ainda não elucidadas, que circundem a fisiopatologia de transtornos mentais, tem como objetivo explorar novos alvos farmacológicos e descobrir novos medicamentos ou redirecionar fármacos já existentes.
A tendência das pesquisas dos últimos anos na área de psicofarmacologia adentrou a relação dos circuitos neurais com níveis de neurotransmissores e processos neuroinflamatórios, presença de alterações oxidativas, variações bioquímicas, bem como vem avançando na investigação de marcadores genéticos e medicina de precisão, onde uma abordagem mais personalizada viabilize identificar sequências celulares envolvidas nos distúrbios homeostáticos implicados nos transtornos mentais.
A despeito de todos os achados promissores no que tange novos medicamentos para transtornos mentais, ainda há um vasto caminho a ser percorrido. Isso evidencia a importância de investimento em estudos comprometidos, que se reproduzam com confiabilidade, além de fomentar descobertas baseadas em evidências e que possam contribuir para a sociedade, profissionais de saúde e pacientes que necessitam de intervenções seguras, efetivas, com menos efeitos adversos e que propiciem, assim, melhor qualidade de vida e saúde mental.
Profª. Drª. Ana Isabelle de Gois Queiroz
Docente do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Farmacologia, especialista em Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticos e em Farmacologia Clínica, especializanda em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: O Cuidado Farmacêutico na Prática e graduada em Farmácia.
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