A engenharia de cristais é um ramo da ciência que pode ser aplicada em diversas áreas do conhecimento, tendo especial importância para a área farmacêutica no desenho racional de cristais multicomponentes de fármacos com propriedades físico-químicas aprimoradas. Dentre as formas sólidas que podem ser obtidas por meio da engenharia de cristais, cita-se a obtenção de cocristais e sais farmacêuticos, que são definidos, respectivamente, como sólidos compostos de duas ou mais moléculas na mesma rede cristalina e sólidos formados por ligações de hidrogênio intermoleculares decorrentes da transferência de prótons entre grupos ionizáveis das moléculas que compõe o sal farmacêutico.
Uma forma de visualizar a real importância dessa área é citando alguns fármacos produzidos com sólidos cristalinos, como é o caso do Seglentis ®, um cocristal de cloridrato de tramadol e celecoxibe, utilizado no tratamento do alívio de dor aguda; e o Lexapro ®, um cocristal de escitalopram, utilizado no tratamento da depressão. Em relação às propriedades físico-químicas que podem ser melhoradas com o uso da engenharia de cristais, têm-se um especial interesse na solubilidade e dissolução, pois 90% das substâncias em fase de pesquisa e desenvolvimento, bem como na fase de testes, apresentam baixa solubilidade em água, atrapalhando diretamente a biodisponibilidade desses produtos.
Observa-se, portanto, que por meio da engenharia de cristais é possível trabalhar com propriedades físico-químicas visando a otimização da eficácia terapêutica. Ademais, a engenharia de cristais também pode ser utilizada no aprimoramento de propriedades que afetam diretamente o processo de formulação de fármacos, como a fluidez e a compressão, e que afetam tempo de prateleira desses produtos, como a estabilidade química e térmica.
Profª. Drª. Laura Maria Teodorio Vidal
Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Ciências Farmacêuticas, especializanda em Farmácia Veterinária e graduada em Farmácia
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