“Amor é cristão. Sexo é pagão” (Rita Lee).
Em face do cenário atual, é perceptível que mesmo com todos os avanços no que tange à sexualidade, seja por meio dos direitos sexuais e reprodutivos ou pelo fácil acesso ao conhecimento através das tecnologias de informação, ainda se observa um tabu em não mencionar, falar ou se comportar diante do tema. Falar sobre sexo, afetos, gênero, expressão e orientação sexual, campos que contemplam a sexualidade, passam a ser da esfera do intocável, muito reforçado por diversos fatores como questões morais, religiosas, sociais e familiares, que corroboram com a ideia de silenciamento da autonomia e vivência do ser.
Diante disso, esse campo do “não falado” passa a ser objeto de vários questionamentos subjetivos que provocam dúvidas e ideias distorcidas da realidade, acarretando formas de reprodução de repressão e de assujeitamento. A ideia de controle sobre os corpos, pelos dispositivos sociais, morais e religiosos passam por contribuir para o adoecimento psíquico, no que diz respeito a processos ansiosos, depressivos, baixa autoestima e até no surgimento de disfunções sexuais, interferindo diretamente na vivência da saúde mental. Cabe também validar que, quando se fala em saúde sexual e mental, se fala em saúde pública, evitando, inclusive, que haja superlotação dos serviços de saúde ocasionados pela desinformação.
Vale ressaltar que o surgimento desse sofrimento diante da temática deve ser acolhido, ressignificado e tratado perante o processo psicoterapêutico, para que se possa exercer uma sexualidade de forma plena e saudável. Aqui, podemos também refletir que é dever de todos, no que se refere a saberes, campos e atuações, assumir a responsabilidade de se questionar: “O que tenho feito dentro da minha prática tem corroborado para a promoção de saúde ou para o adoecimento?”. Questionamentos como esse tornarão a visão da sexualidade menos distorcida e entendida, de fato como algo natural do ser humano numa compreensão geral.
Para tanto, por meio de tais reflexões, entende-se a importância do assunto não só para uma reestruturação de pensamento social, mas para se atentar aos impactos que a não informação, levada por ideias dogmáticas, podem impactar significativamente a saúde de um modo geral dos indivíduos. Convém que espaços crítico-reflexivo sejam alicerçados e construídos para o aprofundamento e a consolidação da atenção pessoal e social.
Profª. Dhâmaris Fonseca do Amarante
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Especializanda em Docência do Ensino Superior e em Sexualidade Humana, especialista em Gênero e Sexualidade e graduada em Psicologia
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