O câncer de pele é dividido entre os tipos melanoma e não melanoma. Embora o tipo não melanoma corresponda a 30% de todos os tumores malignos registrados no país, a doença costuma ser branda e evoluir de forma lenta. No entanto, o tipo melanoma é considerado grave em função do alto risco de metástases, ou seja, o espalhamento do câncer para outros órgãos, o que pode agravar muito o quadro geral do paciente, além de impactar na qualidade de vida do indivíduo.
Neste contexto, a importância da prevenção desse tipo de câncer sempre assumiu um papel preponderante. No entanto, durante este período de pandemia, a urgência maior tem se concentrado na busca pelo diagnóstico. Entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, foram realizados pouco mais de 99.600 diagnósticos de câncer de pele, independentemente do tipo, em todo o país. Esse valor foi considerado inferior, quando comparado à estimativa de novos casos esperada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que foi de 185.380 para cada ano no triênio 2020-2022.
Essa diferença foi atribuída ao medo de se contaminar com a Covid-19, pela falta de conhecimento e pela desvalorização de sinais suspeitos de câncer. Adicionalmente, a população, principalmente, aqueles quem vivem longe do litoral, pouco aderem ao uso do protetor solar nas regiões do corpo expostas ao sol no dia a dia. O hábito de examinar a pele para acompanhar o surgimento e evolução de sinais suspeitos também é pouco difundido. Embora o câncer de pele seja de fácil prevenção, o tipo não melanoma é a neoplasia mais frequente entre homens e mulheres em todo o mundo.
O grande problema é que a pandemia de Covid-19 impactou a nossa saúde de forma ampla, causando o abandono de hábitos que podem contribuir com a prevenção da doença, como deixar de usar protetor solar, já que as pessoas permaneciam em casa e achavam que não eram suscetíveis à radiação ultravioleta, além do aumento da exposição ao sol com o objetivo de metabolizar a vitamina D, mas nem sempre se atentando às recomendações de horário, e por fim e não menos importante, o brasileiro deixou de buscar diagnóstico.
Comparando o número de pedidos de biópsias para detecção do câncer de pele feitos em 2019, período anterior à chegada da Covid-19 ao Brasil, e em 2020, que foi o primeiro ano da pandemia, houve uma diminuição de 48%, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. O fato é que, quanto mais tempo o paciente leva para ter essa definição, mais restritas e difíceis se tornam as opções de tratamento, comprometendo diretamente no tempo e qualidade de vida.
Dessa forma, é preciso conscientizar a população para relembrar os cuidados com a pele, como se expor ao sol entre 10h e 16h; usar proteção adequada, como roupas, chapéus, óculos ou até sombrinhas que protejam contra a radiação ultravioleta; outra forma de se prevenir é sempre aplicar protetor solar nas regiões do corpo expostas, e por fim, realizar uma avaliação, em casa mesmo, com a ajuda de um familiar, para ver se a pele tem sinais de lesões que possam ter surgido recentemente, com mais de uma cor, com bordas irregulares, se coçam, doem ou se parecem com feridas que não cicatrizam. Vale sempre reforçar, o câncer de pele é altamente curável, desde que diagnosticado precocemente.
Prof. Dr. Edfranck de Sousa Oliveira Vanderlei
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Doutor e mestre em Bioquímica e graduado em Fisioterapia
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