Com o advento da vacina contra o coronavírus e, consequentemente, a diminuição das mortes relacionadas, outras doenças como as arboviroses tem chamado atenção da população e lotado os pronto-atendimentos hospitalares. As arboviroses são doenças causadas por arbovírus e transmitidas, principalmente, por mosquitos, como o Aedes Aegypti, considerado o maior vetor destas. As arboviroses mais comuns em ambientes urbanos são a zika, chikungunya e a dengue.
Segundo a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), as notificações de arboviroses até fevereiro de 2022 registraram um crescimento de 153% comparado ao mesmo período do ano anterior. Considerando que estas doenças têm como determinantes variáveis socioeconômicas, ambientais e sanitárias, qual seria a relação entre a gestão de resíduos sólidos e as arboviroses?
De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil de 2021, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), foram gerados no Nordeste 20,4t resíduos sólidos domiciliares, e coletados somente 16,6t desses resíduos, uma cobertura de serviço de aproximadamente 81%, ainda longe da taxa nacional que é de 92%. Diante dos dados, percebe-se que 3,8t de resíduos não foram destinados adequadamente.
Como já se sabe, a fêmea do mosquito Aedes Aegypti deposita seus ovos em bordas e paredes de recipientes com água limpa e parada. Sendo embalagens plásticas, pneus, latas ou quaisquer resíduos que funcionem como um reservatório de água, se tornam um potencial “criadouro” deste mosquito. Adicionando-se a isso a falta de planejamento, urbanização desordenada, ocupações irregulares, ausência de infraestrutura e serviços básicos, como esgotamento sanitário, abastecimento de água e drenagem, coloca-se em risco elevado a população mais vulnerável e carente.
Estudos científicos já comprovam que as condições socioambientais do Brasil são favoráveis à proliferação do mosquito, e que há relação entre a gestão inadequada de resíduos sólidos à tríplice arboviroses (zika, chikungunya e dengue). Diante disso, é imperativo a implementação de ações de políticas públicas a favor da universalização dos serviços de saneamento básico, com especial atenção à coleta urbana de resíduos e campanhas de conscientização e educação ambiental para a população. Somado a isso, a busca de uma sociedade de relação econômica, social e ambiental devidamente equilibrada, tratando a saúde como um conjunto de características de bem-estar físico, mental e social.
Profª. Ma. Ana Cláudia Carneiro da Silva Braid
Docente do Curso de Processos Gerenciais do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Tecnologia e Gestão Ambiental, faz MBA Logística e Supply Chain e graduada em Engenharia Ambiental e Sanitária
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