Estudos recentes realizados por órgãos e entidades nacionais tem apontado o empobrecimento da nossa nação do ponto de vista econômico e social. Isso é muito preocupante se levarmos em consideração tamanha é nossa riqueza em termos de recursos naturais e capacidade produtiva que temos adquirido ao longo dos tempos. O que me move em discursar sobre essa situação é a questão da má distribuição da riqueza gerada no nosso país e que me parece ir sendo canalizada cada vez mais para as mãos de poucos ricos e cada vez menos para os muito mais pobres.
Evidente que motivações de crises econômicas internas e também externas afetam sobremaneira nossa população e que há uma vulnerabilidade, do ponto de vista de sermos muito sensíveis a quaisquer descompassos que ocorram nas mais longínquas economias no nosso planeta. Partindo do início de milênio até os dias atuais, parecia que na década de 2000 a 2010 nosso país ia se consolidando como um país com uma população de classe média, onde a maior parte do nosso povo concentrava-se na classe C, e isso já não para se comemorar muito, muito pelo contrario, diante da dimensão da riqueza natural que possuímos. Onde está nossa capacidade de explorá-la conscientemente e fazer isso ser melhor distribuído para toda a população de forma mais justa e proporcionar ao nosso povo menos sofrimentos?
Se fecharmos os nossos olhos e refletíssemos um pouco sobre a indagação que finalizei no parágrafo anterior, com certeza muitas razões viriam em nossos pensamentos. Mas como o presente artigo não nos permite mais profundeza nessa reflexão, fique com um discurso, eu diria, mais reduzido a alguns poucos comentários a respeitos dos dados publicados pelos meios de comunicação nos últimos dias, se não, vejamos. Nos anos 2000, houve uma retomada do desenvolvimento econômico com justiça social que ofereceu novo horizonte para a questão da desigualdade no país. Passamos a assistir um crescimento econômico mais descentralizado, por ocasião de políticas públicas de investimento e políticas de renda onde o Brasil esteve esquecido nos séculos passados.
Mas isso não seria muito alentador dado que parecia nos estabilizarmos apenas como uma nação de classe média onde pouco mais de 50% da população estava situada na classe C. Já na década seguinte, de 2010 a 2020, pioramos nossa situação em relação à década anterior, pois a mobilidade da população direcionou-se para as classes mais inferiores, D e E. Agora, mais da metade da população está concentrada entre essas duas classes sociais. Seria uma faixa da população que tem uma renda familiar de até 2,8 mil reais.
Mais números para comprovar nosso empobrecimento apontam que em 2010 os brasileiros tinham uma renda anual média de US$ 14.931,10 e recentemente em 2020, ela caiu para US$ 13.777,44. Não podemos, no entanto, deixar de considerar que um fraco desempenho do Brasil, observado na última década, pode ser explicado por uma combinação bastante perversa. O país enfrentou uma dura recessão entre o fim de 2014 e 2016, registrou uma lenta retomada nos três anos seguintes e viu o Produto Interno Bruto (PIB) despencar 4,1% no ano passado, por causa dos impactos econômicos provocados pela pandemia de coronavírus.
Não podemos também fugir de comparações e na contramão do mundo, a população brasileira ficou mais pobre na última década. Entre 2011 e 2020, o PIB per capita do país recuou 0,2% ao ano, em média. Nesse mesmo período, a riqueza mundial apresentou um crescimento anual de 0,4%. Lembrando que o PIB per capita é a soma de tudo o que país produz dividido pela população e funciona como um importante termômetro para avaliar a riqueza de uma nação. Ele sobe quando a atividade econômica avança num ritmo mais rápido do que o crescimento populacional.
Comparando também países de economia similar à nossa, o Brasil fica ainda mais atrás, se não, vejamos. Entre os emergentes, o avanço médio do PIB per capita foi de 2,5% entre 2011 e 2020. Para não irmos atrás de outras causas, considero que houve uma mistura de dois fatores. Em parte, foi uma herança das políticas equivocadas, adotadas a partir do final dos anos 2000 e que se intensificaram no início dos anos 2010 combinado com o choque negativo das commodities, que começou a acontecer no mesmo período.
A nova década que se inicia já começa com sinais de fraqueza e não deve haver uma melhora expressiva da renda do brasileiro tão cedo. O país lida com várias incertezas, como o agravamento da pandemia de coronavírus, a vacinação lenta e isso vai minando as expectativas de um crescimento mais acelerado.
E para finalizarmos numa perspectiva segundo os editoriais, as projeções econômicas para 2022 foram reduzidas semana após semana. Muitos analistas estimaram que o PIB deveria crescer 3,26% e a meses atrás essa expectativa era de 3,47%. Então, de fato, pareceu-se que o desempenho do primeiro trimestre de 2021 foi bem fraco em relação ao último trimestre de 2020. Sendo assim, a previsão é de uma dificuldade muito grande para a retomada do nosso crescimento.
Prof. Charlles Franklin Duarte
Docente do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Administração Financeira e graduado em Ciências Econômicas
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