Moda e inclusão: a roupa para criança com TEA

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A relação da Moda com a Saúde é uma interdisciplinaridade necessária. A Moda, nos últimos tempos, está vivenciando grandes transformações. Foi-se o tempo em que a Moda era apenas a área responsável por criar, produzir e vender roupas. As facetas são muitas. Sabemos que ela comunica, cria identidades, fortalece a autoestima e proporciona o bem-estar das pessoas, mas poucos conhecem ou ignoram o poder curador da Moda.

A relação da Moda com a área da Saúde é uma destas facetas desconhecidas. A interdisciplinaridade entre a Saúde e o Design de Moda, através de estudos da Ergonomia de Produto e os avanços da Tecnologia Têxtil comprovam o quanto os projetos de moda podem contribuir para a saúde do ser humano.

A Ergonomia, por exemplo, tem forte ligação com a área da Saúde, pois tem como finalidade garantir a segurança, a saúde e o bem-estar dos seres humanos na relação ou interação da roupa com o seu usuário. A roupa é considerada um produto que atende às necessidades das pessoas, como a de proteção, identidade, pertencimento e de status. No entanto, a roupa precisa atender estas necessidades, proporcionando o conforto e o bem-estar físico e psicológico. Neste sentido, o contato da roupa com o corpo do usuário deve ter excelente interação, haja vista que a vestimenta é considerada a segunda pele do homem.

Já a Tecnologia Têxtil aborda a produção de tecidos, principal produto da indústria têxtil que, dependendo do tipo de matéria-prima e processo, podem trazer risco à saúde. A produção dos tecidos utiliza muitos produtos químicos nocivos para o indivíduo adulto e, principalmente, para as crianças, e atingem ainda mais as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Segundo Williams e Wright (2008), o Autismo ou Transtorno do Espectro Autista, chamado também de TEA, é um distúrbio do desenvolvimento, que se manifesta nos três primeiros anos de vida, comprometendo as habilidades de interação social, do comportamento e da comunicação. Nesta fase, além da dificuldade dos pais em diagnosticar o autismo, a criança com TEA não consegue se comunicar e, diante disto, a mãe ou o pai dificilmente saberão o que está incomodando ou causando alterações no comportamento da criança. Muitas destas alterações estão relacionadas à interação sensorial da criança com todos os objetos ao seu redor, especialmente, os brinquedos e os tecidos das roupas.

O conforto sensorial da criança com TEA irá amenizar muitas dores e dificuldades enfrentadas logo após o diagnóstico. O estudo “Autismo na infância e a relação com os tecidos sintéticos compostos de poliéster”, realizado entre março de 2020 a junho de 2021, comprovou que as roupas sintéticas alteram o humor da criança autista devido às restrições relacionada a interação sensorial, que é um mecanismo do cérebro humano que identifica e reage a determinados estímulos através dos nossos sentidos. Em relação ao sentido do tato, algumas crianças com TEA têm dificuldades em processar respostas a algumas texturas dos tecidos, entre eles os tecidos sintéticos.

Então, ao adquirir roupas para suas crianças, veja qual o tipo de fibra compõe nas etiquetas e se informe sobre os tipos de matérias-primas que são mais apropriadas para o vestuário infantil.

Bibliografia:

JORGE, Luciana França Jorge. Autismo na infância e a relação com os tecidos sintéticos compostos de poliéster. Dissertação de mestrado. Universidade de Fortaleza. Programa de Mestrado em Saúde Coletiva. Fortaleza, 2021.

WILLIAMS, C.; WRIGHT, B.  Convivendo com o autismo e síndrome de Asperger: estratégias práticas para pais e profissionais. São Paulo: M. Books do Brasil, 2008.

Profª. Ma. Luciana Jorge

Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu

Mestre em Saúde Coletiva, especialista em Design Têxtil e graduada em Estilismo e Moda. É pesquisadora nas áreas têxtil, Moda Sustentável, Moda Inclusiva e em Moda e Saúde e membra do Movimento Moda Inclusiva Ceará.

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