A educação em Saúde se caracteriza pela possibilidade do profissional de saúde se aproximar da realidade da sociedade através da orientação e, consequentemente, promoção e prevenção de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, o conceito de educação em saúde é: “Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população […]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades” (FALKENBERG, 2014). Dessa forma, é um processo que envolve profissionais de saúde, cidadãos e gestores de saúde em vários contextos sociais com a finalidade de contribuir com conhecimentos que facilitem e promovam a saúde das pessoas.
Dentre os benefícios da educação em saúde da população, está a possibilidade de prevenir doenças e desenvolver hábitos que promovam a saúde, além da viabilidade de oportunizar o autocuidado, autonomia do indivíduo e, consequentemente, diminuir custos relacionados à consequência de patologias adquiridas que poderiam ser prevenidas.
Além dos benefícios para a sociedade em si, a educação em saúde também agrega ao profissional da área e também no processo de formação de novos profissionais de saúde, com a inserção de conhecimentos envolvendo integralidade e humanização, cuidado humanizado e reconhecimento da perspectiva subjetiva e social do sujeito na conjuntura da saúde – doença (CASATE, CORRÊA, 2012). O enfoque na formação que contempla a educação em saúde fomenta profissionais que estarão aptos para enxergar o paciente além de sua condição de saúde do ponto de vista biológico, mas oportuniza a compreensão que este paciente está inserido também em suas demandas sociais e culturais que atravessam e dialogam entre si e interferem diretamente na sua saúde.
No que tange ao Curso de Farmácia, a educação em saúde pode ser inserida como estratégia para a formação do farmacêutico no contexto do ensino, pesquisa e extensão, validando as orientações das diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação que orientam que o perfil do egresso seja com formação crítica, reflexiva, humanista e generalista, afora do desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à educação permanente, comunicação, atenção à saúde, dentre outras. Vale salientar que a formação do farmacêutico com a complementação da estratégia de educação em saúde pode ser aplicada pelo profissional nas várias áreas de trabalho, desde aquelas relacionadas ao medicamento, como também a análises clínicas e alimentos, e isso é plausível desde que haja conscientização do aluno quanto ao papel do seu serviço para contribuição da sociedade e do cuidado em saúde, através, principalmente, do conhecimento de que saúde vai além do aspecto biológico, mas está relacionado com aspectos sociais, familiares, culturais e psicológicos.
Logo, a estratégia de educação em saúde pode viabilizar práticas no âmbito farmacêutico pertinentes ao uso racional de medicamentos, tanto no âmbito das farmácias comunitárias como farmácias com manipulação e farmácia hospitalar, como na orientação de colaboradores e pacientes quanto à preparação de amostras adequadas, principalmente, em fase pré-analítica de exames laboratoriais no campo das análises clínicas, como também a orientação de colaboradores que estão sob a supervisão do farmacêutico na área da indústria de alimentos, medicamentos e cosméticos, dentre as demais áreas de atuação do profissional, em que ele poderá agregar ainda mais com a função de educador em saúde.
Para tanto, é importante a sensibilização dos docentes e discentes quanto a essa tarefa tão importante para sociedade, que é de promover saúde e não somente intervir quando já se há doenças, e para isso, é necessário cultivar hábitos saudáveis que podem ser inseridos nas comunidades através de táticas pedagógicas que suscitem o contato com informações de relevância, através de profissionais de saúde com capacidade técnica e humana.
Bibliografia:
CASATE, JC; CORRÊA, AK. A humanização do cuidado na formação dos profissionais de saúde nos cursos de graduação.
FALKENBERG, MB; MENDES, TPL; MORAES, EP; SOUZA, EM. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, 19(3):847-852, 2014;
Profª. Drª. Ana Isabelle de Gois Queiroz
Docente do Curso de Farmácia da UniAteneu
Doutora e mestre em Farmacologia, especialista em Farmacologia Clínica, especializanda em Farmacologia Clínica e Serviços Farmacêuticos com habilitação em Docência no Ensino Superior e é farmacêutica
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