Na fase da adolescência, surgem diversos fatores de risco que comprometem a saúde do adolescente, podendo promover alterações na estrutura musculoesquelética e gerando perturbações musculoesqueléticas (PME). A PME no adolescente corresponde à “presença de mal-estar, dor ou desconforto. Trata-se de algumas manifestações patológicas que afetam músculos, nervos, discos intervertebrais, articulações, cartilagens, tendões e ligamentos, manifestando-se de forma pontual, sistemática ou crônica.
Há vários fatores de risco para o desenvolvimento desses desconfortos nessa população, dentre eles, estão: o gênero, o índice de massa corpórea (IMC), a diminuição da flexibilidade e a mobilidade dos músculos, a hipermobilidade, o nível de atividade física, os problemas psicossociais, os hábitos posturais incorretos, a atividade ocupacional após o período escolar, os comportamentos sedentários (tempo no celular, TV e no computador e/ou videogame), o tabagismo e a má qualidade do sono.
Estudo realizado com 286 adolescentes de Ensino Médio de escolas profissionalizantes avaliou a prevalência das dores musculoesqueléticas e fatores associados e foi identificado que ser dependente do smartphone, não dormir bem à noite e ter suspeita de transtorno mental comum (TMC) foram identificados como fatores significativamente associados ao desfecho de dores musculoesqueléticas em várias regiões (região superior das costas 151 (52,8%), região inferior das costas com 145 (50,7%), região cervical 136 (47,6%) e ombros com 90 (31,5%) ).
Portanto observa-se que os sintomas musculoesqueléticos constituem umas das principais causas de dores agudas, crônicas e recorrentes em crianças e adolescentes e que afetam significativamente o estado biopsicossocial, constituindo um problema crescente e complexo, podendo ser explicado pela natureza multifatorial dos fatores de risco associados e à relação existente entre si, sendo considerado um problema de saúde pública.
Diante do exposto, alerta-se para a importância do monitoramento do uso excessivo do smartphone pelos adolescentes e dos possíveis malefícios à saúde mental e física; bem como os demais fatores de risco associados e ainda, destaca-se a necessidade de implantação de programas de prevenção/cuidados à saúde direcionados para essas questões com envolvimento da família, dos ambientes educacionais e do sistema de saúde, com o objetivo de minimizar e prevenir tais fatores que alteram a qualidade de vida dos adolescentes.
Profª. Drª. Paula Pessoa de Brito Nunes
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Saúde Coletiva, especialista em Fisioterapia Dermatofuncional e em Fisioterapia Neurológica Funcional e graduada em Fisioterapia
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