Você sabia que são necessárias 12 árvores para produzir uma tonelada de papel? E que embora sejam utilizados uma variação considerável de produtos químicos, apenas um pouco mais de um terço volta para o reverso em forma de reciclado. Quer outro número? Então, saiba que são necessários um pouco menos de 600 mil litros de água para poder finalizar a produção dessa tonelada de papel? Imagina agora o volume de combustível que é gasto no deslocamento desse papel via modal de transporte.
Isto remonta em um consumo anual de 44kg de papel por brasileiro. Só para efeito de comparação, o americano é mais destruidor, com um gasto per capita de 200kg por ano. Resolvi escrever esse artigo, em virtude de ver a todo instante, o desperdício que passa a frente de meus olhos, desse componente da vida em nosso planeta, exaustivamente sendo utilizado sem nenhuma contenção e/ou orientação do seu uso, de forma sustentável.
Do bloco ainda utilizado por garçons em restaurantes (principalmente em pequenos municípios), à frenética impressora em órgãos da máquina pública, num desperdício, gritante e intenso. Especialistas, consultores, expertises em gestão de processos, relatam que apesar de não ter um estudo mais preciso sobre os hábitos de consumo do papel em ambiente corporativo em terras tupiniquins, o desperdício e o mau uso alavancam práticas cada vez mais onerosas a nível de custos empresariais e a contra ponto da sustentabilidade e da responsabilidade social. Diga-se de passagem, que num mundo tão digital, ainda muitas empresas adotam em seu cotidiano a prática do uso, como um paradigma danoso para todos.
É claro que estamos diante de um campo também que requer certa mudança cultural. Citamos exemplos da adoção de medidas simplórias, como menos armários para arquivos nos escritórios, maior implementação de softwares mitigando o uso da papelada, Intranet, compartilhamento de informações via sistemas, smart aplicativos, assinatura digital, escaneamentos, digitalização, dentre outras ações e medidas. Na minha opinião, o que freia o processo de redução do uso desenfreado do papel se represa em duas situações: primeiro, a falta do conhecimento das tecnologias existentes, e em segundo, o paradigma em querer pegar no papel para crer em algo.
Veja o exemplo de um sinistro (incêndio) numa empresa qualquer, pulverizando arquivos, montanhas de papel acondicionadas em salas, armários, mesas… Agora imagine, esse mesmo incêndio, diante de arquivos feitos backups!? No segundo caso, arquivos seguros, espelhados, estrategicamente guardados, sem prejuízo para a empresa e para o meio ambiente. Perder arquivos em papel, por incêndio, deterioração ou extravio, é uma possibilidade que muitas vezes é ignorada. Guarda-se volumes de papel, mas nunca se usa o documento de forma eficiente.
Nota-se nos últimos anos a adequação de medidas visando esse objetivo economicamente correto por parte de alguns órgãos públicos, informatizando boa parte de seus processos, que o diga a Receita Federal e o seu “injusto” Imposto de Renda, cujas declarações implodiram o formulário físico, em consoante aos meios virtuais e informacionais. Requer, é claro, investimentos em equipamentos, programas, sistemas computacionais, treinamento adequado de seus colaboradores, enfim, mudanças culturais na organização, mas com certeza vale o investimento.
As barreiras são notórias: desconhecimento e também comodismo, para que empresários adotem práticas ambientalmente responsáveis e corretamente eficientes. Há uma infinidade de boas consultorias nesse país, excelentes profissionais em gestão de processos e utilização de padrões que visam a sustentabilidade ambiental como meta e melhoria da competitividade empresarial. Contudo, a nosso ver, ainda falta confiança do empresário nos sistemas digitais, mesmo estando minguando a passos de tartaruga ao longo dos últimos anos, ainda é um fato concreto.
As empresas que investem em sistemas de automação, digitalização e redução de desperdício de papel comprometem menos o meio ambiente e ainda economizam dinheiro. Números atestam que uma operadora de planos de saúde deixou de gastar R$ 6,2 milhões em folhas A4. Em comparação com o volume consumido em anos anteriores, uma incrível redução de 30% desse uso. O processo de digitalização, chamado de Paperless, está em curso há quatro anos e envolve funcionários, clientes e fornecedores. A diretoria de sustentabilidade dessa operadora de planos de saúde explica que a burocracia envolvida em uma empresa de saúde é grande. “Não dá para abrir mão de alguns documentos em papel, em função de questões de lei”, diz. Mas algumas medidas foram facilmente substituídas.
O livro de médicos e serviços credenciados, que era entregue a cada novo usuário, foi substituído por uma lista na Internet. “Até a atualização é mais prática”, comenta. O certo é que nos dirigimos para um ponto de conservação do nosso planeta, em que tudo é
(ou deveria ser) medido de forma sustentável, em favor da vida nesse planeta. Devemos mudar hábitos que colidem com esse foco. Vamos, então, deixar ações como: imprimir desnecessariamente, exigir documentos em papel, passar a não achar que a guarda física é segura e eficiente, incentivar o uso digital, enfim, fazer para o bem de nosso planeta literalmente o “papel” nosso de cada dia. Conto com você!
Prof. Me. José Célio Fialho
Docente do Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação, tem MBA em Logística e Análise em Comércio Exterior e MBA Corporativo em Formação Avançada de Consultores, especialista em Aperfeiçoamento em Docência na Educação Profissional e em Ensino a Distância e em Docência do Ensino Superior e graduado em Ciências Econômicas.
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