É possível observar um movimento, especialmente, nas mídias sociais, de um incentivo à produtividade: “Como manter uma rotina produtiva”, “5 dicas para se tornar mais produtivo”, “Como manter a sua produtividade sem perder a motivação”, dentre várias outras. Parece nunca ser suficiente a quantidade de tempo disponibilizada no e para o trabalho, para estudo, e sempre buscamos e somos cobrados por mais, somos incentivados a gerar mais lucro, e “quanto mais eu trabalho, mais posso lucrar e economizar para fazer o meu primeiro milhão”.
Também estimulado por criadores de conteúdo de finanças, é preciso diminuir ou abdicar de momentos de lazer para investir um valor que será 1 milhão de reais daqui a 20 anos. Daqui a 20 anos, não será possível aproveitar, viver e experienciar mais o hoje, o que quero hoje, o que preciso hoje, as minhas relações de hoje. Se não temos tempo para o ócio, para o “nada”, não conseguimos escutar nossas demandas internas. Aparecem demandas psicológicas, de sofrimento psíquico, exaustão e sintomas de burnout.
Ser, estar ocioso, ainda mais em tempos de exaustivas cargas horárias e altas demandas trabalhistas, é também ser produtivo. O “não fazer nada” também é fazer algo. É cuidar de si, assistir algo que goste, fazer algo que sempre quis, conhecer o novo, se respeitar e respeitar o cansaço físico e mental e a necessidade de descansar.
Profª. Marcella de Oliveira França
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Especializanda em Preceptoria Multiprofissional na Área da Saúde e em Clínica em Gestalt-Terapia, especialista em Residência Integrada em Saúde e graduada em Psicologia
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