O cuidado de si de Michel Foucault trata-se da arte da existência, ou seja, princípio segundo o qual convém ocupar-se de si mesmo derivando em imperativos sociais e elaborando saberes coletivos. O autor faz referência às técnicas específicas das quais os homens utilizam para compreenderem aquilo que são. Para Foucault, são as técnicas de si que permitem aos indivíduos efetuarem, sozinhos ou com a ajuda de outros, certo número de operações sobre seus corpos e suas almas, seus pensamentos, suas condutas, seus modos de ser; de transformarem-se a fim de atender certo estado de felicidade, de pureza, de sabedoria, de perfeição ou de imortalidade.
Na antiguidade, o cuidado de si significava para os gregos, principalmente, os estoicos como Sêneca e Marco Aurélio, a busca no comportamento da vida social e pessoal e direcionava o viver de cada pessoa, sua conduta e a sua moral. Com o advento do Cristianismo, o seu comportamento passou a ser conduzido por normas, buscando a estética da existência.
O cuidado de si só é questionado ou valorizado e percebido como essencial para o ser humano, a partir do momento que as pessoas tomam consciência do seu direito de viver e do estilo de vida que têm, visto que no dia a dia, quando se encontra aparentemente bem e saudável, não se dá a devida importância ao constante exercício do cuidar de si.
O desenvolvimento do conhecimento e da práxis do cuidar humano tem princípios essenciais, os quais favorecem o cuidado. Este vai promover o crescimento, aprimoramento e o desenvolvimento do cuidador, assim como de quem é cuidado. Dentre os princípios relacionados com o ser, com as inter-relações do ser e das relações do ser com todos os ambientes ou espaço do cuidar, regidos pelos pressupostos da promoção a saúde, qualidade de vida, ética e estética na presença do cuidar de si e do outro, destacam-se o autoconhecimento e o cuidado de si.
O cuidado existe a partir do momento em que a existência de algo ou alguém possua importância para o outro. Esta autora afirma que o cuidado chega com a gestação, acentua-se com o nascimento e persiste até a morte, permeando todas as etapas da vida dos seres humanos. Foucalt resgata o texto de Galeno que diz que quem quiser ter cuidados consigo deve procurar a ajuda de uma pessoa competente e sábia para aconselhar-se.
O enfermeiro, através do título e poder concedido pela sociedade, atua como esse outro que intervém na saúde das mulheres e exerce autonomia sobre seus corpos. Esse profissional precisa saber lidar eticamente com esse poder a ele investido. Portanto é preciso contagiar as pessoas com o cuidado de si nas diversas fases de suas vidas, reforçando os cuidados com o corpo e sua alma. Levá-las a filosofar sobre a sua existência, prazeres e aptidões é um caminho apontado por Foucalt para a felicidade.
Profª. Ma. Juliana Sampaio dos Santos
Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Cuidados Clínicos em Saúde, especialista em Preceptoria em Saúde e em Enfermagem Clínica e graduada em Enfermagem
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