É pouco provável que tenhamos uma experiência vivenciada pela sociedade semelhante aos efeitos da pandemia da Covid-19 no século XXI, com tamanha repercussão em termos de rapidez com que as informações chegaram até os mais diferentes países, a extensão das medidas tomadas, considerando, dentre outras, o isolamento social, além da mortalidade e o que foi feito em termos de mobilização para que os efeitos da pandemia fossem mais ameno.
Experimentamos durante alguns meses, sob efeito dessas realidades, os impactos diretos sobre o cotidiano de todas as pessoas. E a educação formal, conduzida por suas inúmeras variações, a escola, a universidade e os cursos livres sentiram de forma direta, nas mesmas proporções de todas as atividades humanas relacionadas à convivência social que exigem, até certo ponto, a proximidade.
Os primeiros momentos foram cercados por incertezas. A busca incessante pelas melhores ferramentas e as melhores metodologias foram pautadas nas adaptações e iam sendo implementadas. Ao passar do tempo e à proporção que os protocolos conduzidos pelas autoridades, aquelas foram sendo intensificadas e um novo desafio se apresentou, o “novo normal”. Resta-nos saber se a educação formal, nos modelos já apontados, absorveu as mudanças feitas de uma forma tão rápida, se ajustando, dentro do possível, às realidades apontadas pelos governantes.
As exigências de compreensão de um aspecto tão relacionado à sociedade, como é o da educação, pautada no ensinar e no aprender, nos trazem mais esta incerteza: Qual dos dois aspectos foi o mais prejudicado? Aprender se vincula à aquisição cognitiva, física e emocional. Estas duas últimas, nos momentos de maior exigência de isolamento, podem ter ficado comprometidas, a considerar cada ser humano e sua capacidade de adaptação às situações de emergência apresentadas. Restou àqueles que conduzem a educação formal o aprimoramento das ações tecnológicas disponíveis para manter vivo algo que é inerente ao aprendizado, a disposição do que existe de melhor para manter elevada a capacidade de engajamento dos que são convidados a pensar sobre o que deve ser aprendido.
Dessa forma, o que foi feito para a saúde, no que diz respeito às ações que se conhecia, em um curto espaço de tempo para amenizar a dor e o sofrimento, foi feito para a educação, como bem sinalizou Pierre Lévy, quando apresenta o conceito de “interface na informática”. Os sistemas informáticos e de rede de comunicação se aproximaram e foram, dentro do possível, bem conduzidos para que a capacidade de ensinar ficasse viva, disponível e de forma mais atraente possível, considerando que aprender é uma ação individualizada, impessoal e correlacionada ao que a pessoa pensa e sente. Mesmo assim, levará algum tempo para se saber, de fato, quem “perdeu” mais na educação: o ensino ou o aprendizado.
Prof. Dr. Jeimes Mazza Correia Lima
Docente do Curso de Pedagoga da UniAteneu
Doutor em Educação Brasileira, mestre em Educação, especialista em Metodologias em Ensino de História e licenciado em História
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