O jeanswear é um segmento que, ao longo do tempo, tem crescido a cada temporada. A calça jeans, principal produto do jeanswear, permanece como uma peça icônica da moda. Para os profissionais que atuam nesse segmento, é essencial conhecer os processos envolvidos na produção dessas peças e compreender por que o jeans é atemporal. Denim, índigo e jeans são termos que representam aspectos distintos do produto, mas possuem a mesma relevância para o mercado jeanswear.
O denim refere-se ao tecido, que é a matéria-prima para a confecção das peças. Para Dias, Alvarenga e Sales (2018, p. 4), “o tecido denim passou por diferentes transformações ao longo dos anos, ditando moda e fazendo história”. O original denim é composto por fios de algodão e estruturado a partir do entrelaçamento de fios longitudinais, denominado de urdume, com fios horizontais, conhecido como trama, formando um padrão de diagonal chamada sarja.
Segundo Pezzolo (2013), a sarja 3×1 é o entrelaçamento tradicional do denim, mas outras variações de padrões, como o tafetá, o cetim e a sarja quebrada, têm sido explorados pela indústria para criar peças diferenciadas. Embora tenha sido desenvolvido com um entrelaçamento fundamental, o denim evoluiu ao longo do tempo, adquirindo novas composições e padrões de entrelaçamento que ampliam suas possibilidades na indústria da moda.
Outro aspecto importante desse tecido é o tingimento, responsável pela icônica tonalidade azul, conhecida como azul índigo. O termo índigo refere-se ao tingimento dos fios de urdume, que, originalmente, era feito com corantes naturais extraídos da planta Indigofera tinctoria, porém, hoje, é sintetizado. De acordo com Sou de Algodão (2021), o tingimento é um processo químico que modifica a cor da fibra de algodão por meio da aplicação de substância corantes em solução aquosa.
Embora seja um processo químico sofisticado, o corante índigo apresenta baixa afinidade com a fibra do algodão. Isto significa que a cor se concentra apenas na camada superficial dos fios de urdume, enquanto o núcleo permanece branco. Para Filgueira e Cavalcante (2010), a solidez da cor no denim é baixa e, com o atrito, o azul perde intensidade, tornando-se suavizado. Essa característica permite que o jeans desbote com o tempo, originando o visual desgastado característico do jeans, intensificado pelo uso e pelo atrito contínuo ou pelos processos de benefiamentos nas lavanderias industriais.
O terceiro termo é o jeans, que trata-se das peças prontas, mais especificamente da calça azul clássica de cinco bolsos, criada por Levi Strauss. Essa peça é adaptada a cada nova temporada, mantendo-se prática e atemporal. As variações nas modelagens e as tendências em beneficiamentos colaboram para a permanência do jeans nas coleções de moda. Lipovetsky (1989, p. 149) afirma que “com o jeans, o olhar democrático-individualista deu um novo salto para a frente, tornando-se a expressão da individualidade desprendida do estatuto social”.
Atualmente, há uma valorização crescente do conforto e da sustentabilidade, refletida em jeans 100% algodão alinhado às diretrizes ambientais. Essa tendência demonstra como o jeanswear continua a se conectar com o público, mantendo-se relevante enquanto incorpora inovações e práticas de responsabilidade ambiental.
Referências Bibliográficas
DIAS, Valdênia Maria; ALVARENGA, Cristiane Bom Conselho Sales; SALES, Rosemary Bom Conselho. Denim resíduo sólido da indústria têxtil brasileira: ações sustentáveis sob o olhar do design. Blucher Design Proceedings. Editora Blucher, São Paulo, p. 207-219, 2018.
FIGUEIREDO, Giselle Campos; CAVALCANTE, Ana Luisa Boavista Lustosa. Calça Jeans: produtividade e possibilidades sustentáveis. Projética, v. 1, n. 1, p. 128-145, 2010.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.
SOU DE ALGODÃO. Como funciona o tingimento dos tecidos de algodão. Disponível em: https://soudealgodao.com.br/blog/como-funciona-o-tingimento-de-tecidos-de-algodao/ . Acesso em: 16 de jan de 2025.
Profª. Ma. Luciana França Jorge
Docente do Curso Design de Moda do Centro Universitário Ateneu.
Mestra em Saúde Coletiva, especialista em Design Têxtil e graduada em Estilismo e Moda. É pesquisadora nas áreas têxtil, moda sustentável, moda inclusiva e em moda e saúde, além de membra do Movimento Moda Inclusiva Ceará.
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