Compreender o corpo e a imagem humana no decorrer da história, diz respeito ao conhecimento do próprio homem. Em uma sociedade capitalista e atravessada por marcadores que transcendem as relações e afetam o mundo vivido das pessoas, é de suma importância uma discussão a respeito do corpo vivido e como os atravessamentos sociais o alcançam.
O filósofo e fenomenólogo Merleau-Ponty entende a pessoa como entrelaçada com o mundo. Essa compreensão não diz respeito apenas a um olhar metafísico da existência, mas também do atolamento do homem no mundo, especificamente, com seu corpo. O corpo na sociedade é movimento e entrelaçamento com as relações e os contornos culturais e sociais.
A era digital tem colocado cada vez mais esse corpo em um lugar de sofrimento, onde a angústia de existir também passa a ser tocada pelo formato do corpo e pelo ideal de beleza e felicidade almejado nas redes sociais. O homem e a mulher na contemporaneidade aparecem como mercadoria, passando de produtor (na modernidade) a consumidor de ideais, valores, crenças, normas e modos de ser e existir (na pós-modernidade), ou seja, o corpo também passa a ter o seu lugar de padronização e ordem secular.
É importante ressaltar dois traços importantes na sociedade pós-moderna, sendo estes: a transformação da realidade em imagens, e a fragmentação do tempo em uma série de presentes perpétuos, ou seja, neste contexto, a imagem precede o sujeito, limitando-o àquilo que é exposto, apresentado ao mundo e almejado para si, circunscrito às ideais de idolatria ao prazer e felicidade imediata.
Em conclusão, buscamos compreender os atravessamentos de ser e existir em um corpo julgado e como a saúde mental é afetada, muitas vezes, por essa padronização e idealização desse corpo. Isso tudo gera nas pessoas sofrimentos psíquicos que podem desemborcar em ansiedade, depressão e transtornos alimentares, bem como aspectos inerentes à autoestima de homens e mulheres.
Essa discussão pode ser desenvolvida em espaços diversos, como a escola, espaço de relações cotidianas e intensas. Muitos jovens vivem situações de sofrimento inerentes aos seus corpos. Outros públicos como grupos de mulheres, homens e população LGBTQIA+ também urgem por discussões e escuta terapêutica, empática e compreensiva para uma aceitação genuína e incondicional de si, a fim de uma vida mais autêntica e sem padronizações que corroboram em dor.
Prof. Me. Francisco Luan de Souza Carvalho
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Doutorando e mestre em Psicologia, especializando no MBA em Gestão de Pessoas, especialista em Psicologia Existencial, Humanista e Fenomenológica e em Psicologia Social e graduado em Psicologia e Pedagogia.
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