Barreiras invisíveis e o papel da Arquitetura na inclusão: uma introdução

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O espaço da cidade deveria ser o campo social, no qual a cidadania se materializa, mas na verdade apresenta-se como um campo de disputas de poder e, por muitas vezes, espaço de exclusão social. A exclusão tem inúmeras formas, algumas até “invisíveis” para muitas pessoas, que não sentem a dificuldade no ir e vir pela cidade em um simples caminhar.

Uma calçada irregular, um passeio sem rampas, uma praça com desníveis, um transporte público não adaptado e outras tantas formas que podem passar por nós como situações insignificantes, tão irrelevantes chegam a ser de fato “invisíveis” os nossos olhos. Na verdade, para as pessoas que não apresentam dificuldades de locomoção, essa condição leva a uma cegueira social, olham a cidade e o espaço a redor, mas não se enxergam as diversas barreiras que tantos têm que enfrentar todo o dia.

Se for considerado ainda situações, tais como a ausência de sinalização tátil de alerta no piso, sinalização sonora e visual, comunicação em braile e/ou em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outros meios de inclusão das pessoas com deficiência, podemos de fato afirmar que não conseguimos reconhecer a exclusão presente na dificuldade do acesso ao espaço das cidades.

No Brasil, segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), temos atualmente 45 milhões de brasileiros com deficiência. Estima-se que estes correspondem a 24% da população brasileira. Se considerarmos ainda outros cidadãos com mobilidade reduzida, tais como idosos, gestantes, obesos e outros, teremos um número ainda maior que sofrem todo dia um processo de exclusão, muitas vezes, velada nas nossas cidades.

Neste contexto, a Arquitetura e Urbanismo assume um papel significante na redução e eliminação das barreiras arquitetônicas, urbanísticas e outras, que diminuam ou impossibilitem a participação social, bem como o direito à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão e à circulação com segurança das pessoas.

A concepção de espaços arquitetônicos e urbanos, bem como o planejamento das cidades, adequados e acessíveis para todos, independente das suas características pessoais, idade ou habilidades, confere a Arquitetura e Urbanismo uma função importante na construção de uma cidade e de uma sociedade mais acessível e inclusiva, que garanta a todas as pessoas, em especial, com deficiência ou com mobilidade reduzida, viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social.

Prof. Dr. Raphael Pires de Souza
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Doutor em Educação, mestre em Políticas Públicas e Sociedade, especialista em Docência em Educação a Distância e em Engenharia de Segurança do Trabalho e graduado em Pedagogia e Arquitetura e Urbanismo.

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