As infecções contagiosas das vias aéreas, como a influenza, a Covid-19, a tuberculose e outras contaminações respiratórias, representam um importante desafio de saúde pública em diversos contextos. A sua elevada transmissibilidade, capacidade de causar surtos e potencial gravidade em populações vulneráveis reforçam a necessidade de estratégias eficazes de prevenção e controle. Nesse cenário, a atuação de equipes multiprofissionais em saúde mostra-se fundamental para ampliar o alcance e a eficácia das ações preventivas, promovendo um cuidado integral, educativo e resolutivo.
A prevenção dessas doenças demanda uma abordagem que vá além do atendimento clínico. Envolve ações educativas, vigilância epidemiológica, imunização, acompanhamento terapêutico e intervenções sociais. Cada profissão da saúde contribui com saberes e práticas complementares que, somados, garantem uma resposta mais robusta e humanizada.
O médico, por exemplo, é responsável pelo diagnóstico e tratamento precoce, além da notificação de casos e da orientação clínica. A Enfermagem atua na linha de frente, acolhendo usuários, orientando sobre medidas preventivas, administrando vacinas e monitorando sinais de alerta. O farmacêutico, por sua vez, orienta sobre o uso correto de medicamentos, identifica possíveis interações e promove a adesão terapêutica, além de atuar em campanhas de vacinação e esclarecimento sobre antibióticos e antivirais.
Profissionais como fisioterapeutas e fonoaudiólogos contribuem com ações de prevenção e reabilitação de complicações respiratórias, especialmente, em pacientes com doenças crônicas ou em recuperação hospitalar. Assistentes sociais e psicólogos ampliam o olhar para os determinantes sociais do adoecimento, como a falta de acesso a saneamento, moradia adequada, alimentação e condições de trabalho seguras – fatores que interferem diretamente no risco de infecções respiratórias.
Entre as principais estratégias de prevenção implementadas pelas equipes de saúde, destacam-se a promoção da vacinação em massa, campanhas educativas sobre higiene das mãos e etiqueta respiratória, orientações sobre ventilação adequada de ambientes, rastreamento e manejo de casos suspeitos, além do estímulo à participação da comunidade na adoção de comportamentos saudáveis.
A atenção primária em saúde é o principal espaço de articulação dessas ações, por sua capilaridade nos territórios e proximidade com a população. A integração com setores como educação, assistência social e organizações comunitárias amplia o alcance das estratégias, tornando a prevenção mais efetiva e contextualizada.
Para sustentar essas práticas preventivas com base científica, a formação em saúde precisa fornecer fundamentos sólidos sobre os agentes etiológicos envolvidos nas infecções respiratórias. Nesse contexto, a disciplina de Microbiologia, presente na formação básica dos profissionais da saúde, desempenha papel fundamental. Ela fornece os conhecimentos necessários sobre os microrganismos patogênicos – como vírus, bactérias e fungos – suas formas de transmissão, mecanismos de resistência e resposta imunológica.
Esse embasamento contribui diretamente para a construção de práticas de biossegurança, protocolos clínicos e estratégias educativas mais assertivas, favorecendo intervenções coerentes com a realidade microbiológica dos territórios. Assim, a Microbiologia não apenas oferece suporte técnico, mas fortalece o papel educativo e preventivo dos profissionais em sua prática cotidiana.
Apesar dos avanços, ainda há desafios na efetivação do trabalho multiprofissional. A resistência à prática colaborativa, a formação profissional ainda centrada exclusivamente em modelos biomédicos e a ausência de políticas públicas articuladas dificultam a consolidação de um cuidado verdadeiramente integrado. Superar esses entraves exige investimento em educação permanente, valorização e reconhecimento do trabalho em equipe e fortalecimento de redes de cuidado em saúde.
Em síntese, a prevenção de doenças infectocontagiosas das vias aéreas é uma tarefa complexa, que exige uma abordagem coletiva, territorial e interprofissional. As equipes multiprofissionais são pilares nesse processo, atuando na construção de estratégias que aliam conhecimento técnico, sensibilidade social e compromisso com a saúde coletiva. Reforçar essa atuação integrada é essencial para enfrentar os desafios sanitários atuais e futuros com mais equidade e eficácia.
Profª. Drª. Ana Isabelle de Gois Queiroz
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu.
Doutora e mestra em Farmacologia, especialista em Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticos e em Farmacologia Clínica, especializanda em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica: O Cuidado Farmacêutico na Prática e graduada em Farmácia.
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