Espaços comerciais ganham cada vez mais destaque nas cidades. Dessa maneira, a abordagem de como esses ambientes são produzidos e a sua relação com o meio é um ponto importante para análise e discursão. Os aspectos físicos do entorno urbano e processo perceptivo e cognitivo dos usuários são de suma importância para o entendimento e desenvolvimento dos projetos.
Segundo a pesquisa de Ferreira (2010) apresentada no Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, o aspecto cognitivo do indivíduo perante as fachadas comerciais é manipulável à medida que o projeto proposto com suas preocupações especificas possa atrair o público-alvo. Logo, o que é expresso em uma fachada comercial pode causar diversas sensações diferentes no individuo, tendo o projeto arquitetônico da mesma o poder de atrair a atenção do público-alvo. Nesse sentido, o papel do arquiteto toma um lugar de destaque em que é possível relacionar o espaço físico comercial com o impulsionamento das vendas.
A conformação arquitetônica das fachadas não visa apenas apelo estético oferecido pelo design, mas também englobam o projeto das vitrines, dos letreiros e das portas de acesso. Em todos os três pontos mencionados, são levados em consideração normas e aspectos formais e técnicos que são de conhecimento do profissional. As portas de acesso, por exemplo, precisam estar de acordo com as normas da NBR 9077, que trata a respeito das saídas de emergência em edifícios.
É valido mencionar também que os letreiros não podem ficar a qualquer altura ou em qualquer dimensão. Para isso, é necessário verificar se há uma lei municipal que determine sua área e altura. As vitrines, por sua vez, têm a função de destacar o produto, podendo ela ser estruturada de maneira aberta ou fechada, sem contar com as estratégias de vitrinismo que podem ser desenhadas e projetadas pelo arquiteto.
Para melhorar a atividade do fluxo do observador para o interior do estabelecimento comercial, é de extrema relevância que não existam barreiras físicas ou visuais no acesso destes locais. Um aspecto arquitetônico que muito prejudica essa barreira visual é a quantidade de iluminação ou lúmens oferecidos na vitrine das lojas. Este deve ser calculado de maneira que sobressalte a iluminância do ambiente externo, seja o espaço público ou um espaço de centro de compras fechado. Isso é pontuado devido aos reflexos que podem ser ocasionados devido à alta luminosidade do meio externo no vidro da vitrine.
Por fim, os aspectos culturais do espaço devem ser levados em consideração para que o projeto das fachadas dos espaços comerciais não se tornarem alvo de estranhamento ou de exclusão social no meio em que foi inserido. Como parte do meio urbano, é necessário que sempre tenha uma transição gradual de estilos ao implantar um projeto totalmente diferenciado em uma área urbana já consolidada culturalmente.
Referências Bibliográficas
FERREIRA, Gabriela Fantinel. Avaliando os atributos formais das fachadas de estabelecimentos comerciais a partir da percepção do usuário: quais fatores estéticos da forma interferem nas escolhas dos consumidores. In: Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. 1, Rio de Janeiro. Anais. 2010.
Profª. Ma. Cindy Rebouças Palmeira
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Ciências da Cidade, especialista em Arquitetura de Interiores e graduada em Arquitetura e Urbanismo
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