Os anos de 2020 e 2021 têm sido atípicos na história recente da humanidade. O medo causado pela pandemia de Covid-19 paralisou as maiores economias globais, um cenário visto apenas na última grande Guerra Mundial. A última grande pandemia foi em 1918, uma época tão distante que era apenas uma vaga lembrança, deixando a falsa impressão de segurança e confiança, o que talvez tenha causado mais medo e insegurança nas pessoas.
Os avanços científico e tecnológico tem possibilitado o enfrentamento dessa crise de forma mais rápida, mas não com menos dor, pois este cenário implica em repercussões diversas que iremos levar muito tempo para superar. É interessante observar que muitos falam sobre os custos da pandemia se referindo ao número de mortos, aos impactos no sistema de saúde ou mesmo nos severos problemas econômicos, que são, sim, importantes, mas pouco se olha para os aspectos e problemas psicológicos e emocionais. O número de mortos aumenta a cada dia de forma exponencial. A oferta de recursos para o combate à pandemia de Covid-19 não suprem a demanda: faltam leitos, oxigênio, vacinas, sobram incertezas, mortes e medo.
Todo período de ruptura traz um certo grau de sofrimento psicológico proporcional à percepção individual da crise e a magnitude da crise vivenciada, sendo que, no momento, vivemos uma situação que se arrasta há mais de um ano e que, pelo menos no Brasil, está piorando. Outro fator que agrava mais a situação psicológica é o necessário isolamento social. Somos animais sociais, o contato com o outro é muito importante para nosso bem-estar e nesse momento estamos, muitas vezes, privados disso.
Assim, vivemos em uma panela de pressão de incertezas, medos e aflições levando a sensação de falta de controle e impotência, gerando problemas como desesperança, pensamentos catastróficos ou negativos. Os impactos psicológicos advindos dessa situação ainda estão em estudo, mas muitos profissionais estimam que o número de pessoas que desenvolverão algum tipo de transtorno relacionado com à pandemia de Covid-19 apontam para um quadro expressivo. Essa situação pode, em muitos casos, levar ou agravar problemas ou transtornos mais graves, como: ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo ou mesmo, suicídio.
E como lidar com isso? Focar no que está ao nosso alcance e fazer, já é um início, para a nossa própria prevenção e das pessoas que amamos, por exemplo. Focando no aqui e agora, agindo de acordo com os nossos valores. Outro aspecto é aprender a lidar com aquilo que não está sob o nosso controle, como o curso da pandemia, os problemas na economia ou as ações dos governantes. Muitas vezes o sofrimento é amplificado por não aceitarmos que não podemos controlar essas coisas.
Muitos, infelizmente, irão ter algum tipo de sequela, seja luto por alguém que faleceu, desorganização financeira ou sequela física ou emocional. Isso é inevitável em uma situação como essa, mas entender que a crise, por pior que seja, irá passar, ajuda a ter uma perspectiva de futuro. É necessário olhar para o futuro com esperança, mas sem descuidar do presente.
Prof. Antônio Martins
Especialista em Terapia Analítico Comportamental e em Terapia Cognitivo Comportamental e graduado em Psicologia
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