O professor fisioterapeuta como pesquisador: ciência e docência caminham juntas?

  • Categoria do post:Saúde
No momento, você está visualizando O professor fisioterapeuta como pesquisador: ciência e docência caminham juntas?

A docência em Fisioterapia, como nas demais áreas da saúde, carrega a responsabilidade de formar profissionais críticos, éticos e comprometidos com a realidade social em que estão inseridos. Nesse contexto, o professor assume papel central, não apenas como transmissor de conteúdos e práticas, mas como sujeito ativo na construção e mediação do conhecimento.

Diante das transformações do ensino superior, da valorização das evidências científicas e da necessidade de atualização constante, emerge um debate importante: o docente em Fisioterapia deve também ser um pesquisador? A convergência entre ciência e ensino fortalece ou sobrecarrega a atuação do professor?

Este artigo de opinião propõe refletir sobre a relevância da articulação entre docência e pesquisa na formação do fisioterapeuta, evidenciando os desafios, as potencialidades e os caminhos possíveis para consolidar o papel do professor fisioterapeuta como agente de transformação tanto na sala de aula quanto na produção científica.

O contexto atual da docência em Fisioterapia

A formação em Fisioterapia tem exigido, cada vez mais, um ensino pautado em metodologias ativas, currículo integrado, interdisciplinaridade e base em evidências científicas. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) reforçam a importância da articulação entre teoria e prática, ensino, pesquisa e extensão.

Isso implica que o docente deve dominar não apenas os conteúdos técnicos e clínicos, mas também as ferramentas pedagógicas e científicas, ainda mais em um contexto pós-pandêmico, no qual foi primordial uma atualização docente para uso de novas metodologias ativas, ensino à distância e outros desafios.

Docência e pesquisa: uma parceria necessária

Ao incorporar a pesquisa em sua prática docente, o professor promove uma formação mais atualizada, crítica e reflexiva. A ciência não apenas sustenta o conhecimento técnico, mas também desenvolve no discente a capacidade de pensar, questionar e propor soluções inovadoras em saúde. A figura do professor pesquisador, portanto, favorece um ensino que dialoga com a realidade e com os avanços da profissão.

Os desafios do professor pesquisador

Apesar das vantagens, conciliar as demandas da docência com as exigências da pesquisa é desafiador. Muitos professores enfrentam dificuldades relacionadas à gestão do tempo, especialmente, quando acumulam múltiplas funções acadêmicas, administrativas e de orientação.

Além disso, a escassez de oportunidades para capacitação continuada, os entraves burocráticos para submissão de projetos e publicações, e a limitação de acesso a bases de dados e laboratórios dificultam a consolidação de uma rotina de produção científica ativa. Soma-se a isso o desafio de despertar o interesse dos estudantes pela pesquisa em meio a currículos muitas vezes densos e voltados, prioritariamente, para a prática clínica.

Experiências exitosas e caminhos possíveis

Diversos programas de pós-graduação, grupos de pesquisa, editais de fomento e redes de colaboração têm mostrado que é possível construir uma docência articulada à pesquisa. A iniciação científica na graduação e a inserção dos estudantes em projetos de pesquisa são exemplos concretos de como essa união pode beneficiar a formação profissional. A institucionalização da pesquisa no ensino superior é um passo essencial para consolidar essa cultura.

Reflexões sobre o compromisso social da docência e da pesquisa

Tanto a docência quanto a pesquisa devem estar comprometidas com as necessidades da população e com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). O professor pesquisador tem a responsabilidade de produzir conhecimento que não apenas responda a perguntas científicas, mas que também contribua para a melhoria da prática clínica, da gestão em saúde e da formação cidadã dos futuros fisioterapeutas.

Conclusão

A articulação entre ciência e docência é não apenas desejável, mas necessária para a formação de fisioterapeutas críticos, atualizados e comprometidos com a transformação social. O fisioterapeuta que integra docência e pesquisa, contribui para um ensino mais qualificado e alinhado com os desafios contemporâneos da saúde.

No entanto, para que essa integração se fortaleça, é preciso investimento institucional, valorização da carreira docente, incentivo à produção científica e políticas educacionais que reconheçam o papel estratégico do professor na construção de um país mais justo, saudável e com acesso à ciência. Caminhar com a ciência é, portanto, um ato de compromisso ético e político com a educação e com a sociedade.

Profª. Drª. Denise Gonçalves Moura Pinheiro
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu.
Doutora em Cuidado em Saúde, mestra em Medicina Preventiva e graduada em Fisioterapia.

Prof. Me. José Evaldo Lopes Júnior
Coordenador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu.
Mestre em Ciências Fisiológicas, especialista em Saúde do Idoso e graduado em Fisioterapia.

Saiba mais sobre o Curso de Fisioterapia da UniAteneu.