A paisagem urbana tem sido frequentemente negligenciada no planejamento das cidades brasileiras, um descuido que impacta não apenas a estética, mas também o sentimento de pertencimento dos cidadãos. Quando pensamos em planejamento urbano, é comum que o foco se restrinja a questões de infraestrutura e serviços básicos. No entanto, a paisagem urbana vai além disso; ela evoca memórias, resgata culturas, e conecta as pessoas ao ambiente em que vivem.
Você já parou para refletir sobre a paisagem que o rodeia? Será que ela realmente faz você se sentir acolhido e pertencente a essa cidade marcada por tantas desigualdades? Quando você percorre o caminho para o trabalho ou a universidade em Fortaleza, por exemplo, em algum momento dessa jornada você se sente em harmonia com a natureza ou consigo mesmo?
A questão central é: de qual lado da paisagem você está? Você se encontra do lado dos prédios altos, cercados por áreas ajardinadas e muros que obscurecem a vista das comunidades mais humildes? Ou você está do lado das casinhas simples de Fortaleza, muitas vezes cercadas por falta de infraestrutura, lixo e pobreza?
Independentemente de qual lado você esteja, uma coisa é certa: todos nós temos a capacidade de sonhar. Podemos não saber por quanto tempo ainda teremos essa capacidade, mas se for algo tangível, como uma “ter uma casinha branca, com varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer” para todos, então talvez possamos encontrar união em tempos de tanta desconexão com o bem comum.
O planejamento urbano precisa considerar mais do que apenas a funcionalidade; ele deve incluir a paisagem como um elemento essencial para promover o bem-estar e a integração social. Somente assim poderemos construir cidades que realmente acolham seus cidadãos, independentemente de suas diferenças sociais.
Profª. Carol Benevides
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Engenharia do Território e graduada em Arquitetura e Urbanismo
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