Ao longo dos anos ministrando matérias de Desenho Prático em cima de uma prancheta, observei que o tempo passou e que em uma época que intitulo anos dourados, iniciando meu processo individual de estudos e aprendizagem na área da Arquitetura e Urbanismo, na verdade, não foi uma época muito generosa se comparando com os novos tempos. Antes, eram os normógrafos, hoje, temos uma enorme quantidade de tecnologia, programas de desenho por computador e etc.
Nessa fase, até que não tão distante, percebi que o amadurecimento e seriedade aos estudos eram muito mais incisivos e diretos, tínhamos uma biblioteca para pesquisas e 85% dos trabalhos eram feitos no braço. Hoje, é no Google “Pai de todos”, impressoras 3D, CNC de corte laser e não demora, a “Alexa” e a nova geração da Inteligência Artificial (IA) vão estar no comando. Não troco os meus anos dourados por nada. Atualmente, vejo a dificuldade dos nossos calouros ao ingressar nesse novo conceito que formarão um novo time de arquitetos do futuro, onde insistem em repetir que nada se cria e tudo se copia.
Tenho saudades de tempos passados onde o respeito aos professores era fundamental, a luta para apresentar resultados em nossos estudos e projetos genuínos, inspirados nos antigos arquitetos. Entender física e plasticamente, com resultados funcionais e práticos, era tudo que importava. Tudo passa muito rápido. Hoje, tento, ainda, com uma visão conservadora, ajudar os novos a terem uma formação adequada de fazer um desenho analógico com esmero, pois, acho indispensável o estudo de desenho analógico construído em cima de uma prancheta de desenho, onde tenho certeza de que os resultados futuros serão melhor aproveitados.
Vendo essa dificuldade, criei uma régua gabarito, Régua de Ação Multiuso (Ramu), com símbolos aprovados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e linhas auxiliares, para a caligrafia técnica, para cortar caminho entre o velho e o novo, para agilizar e organizar melhor a distribuição de informação de um projeto de Arquitetura ainda desenhado a mão. Informo que os resultados são ótimos para os alunos em sua maioria.
Eles conseguem aproximar e aperfeiçoar seus desenhos de forma a se igualar aos que já sabem desenhar, por uma fase de aprendizagem curta pois, logo iniciam aos programas de computador, mais ainda com a certeza que ao início de suas ideias ainda embrionárias, terão a necessidade de usar a velha folha de papel, criando seus croquis em fase embrionária, para depois de amadurecidos colocarem dentro de seus programas e assim finalizarem o layout do desenho.
Por fim, acredito que, com todas as dificuldades e facilidades que esses jovens terão, o amadurecimento ao longo da vida acadêmica será positivo. Tenho fé que a nova geração supere e leve nosso legado com consciência e orgulho.
Prof. Geraldo Alves Pereira Júnior
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Iluminação e Design de Interiores e graduado em Arquitetura e Urbanismo
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