Sustentabilidade e Moda: soluções para diminuir os impactos ambientais no beneficiamento têxtil

  • Categoria do post:Moda
Você está visualizando atualmente Sustentabilidade e Moda: soluções para diminuir os impactos ambientais no beneficiamento têxtil

A relação entre a moda e a sustentabilidade é uma necessidade urgente do planeta. A produção têxtil é responsável por danos ao meio ambiente e ainda polui o solo e os rios, mesmo com diversas ações e processos mais sustentáveis que surgiram e foram implementados em algumas empresas. Porém, o consumidor final não tem a noção do quanto custa para o planeta a produção da sua roupa.

De acordo com Berlim (2016), o consumidor não tem ideia que, ao comprar uma camiseta de algodão, está contribuindo para o consumo de 160 gramas de agrotóxicos, água, energia, causou danos ao solo e àqueles que trabalharam no cultivo do algodão. E além disso, há ainda os danos ambientais causados pelo beneficiamento e acabamento final desta roupa.

Todo tecido plano ou malha passa pelo beneficiamento da sua estrutura e posteriormente pelo acabamento. Para Lobo (2014), o beneficiamento têxtil consiste em um conjunto de processos aplicados aos tecidos para melhorar as características visuais e de toque. Podem ser aplicados nas fibras, fios, mantas, tecidos, em qualquer estágio, objetivando transformá-los, a partir do estado cru, em artigos brancos tintos, estampados e acabados.

Para esta etapa do processo têxtil, são necessários diversos processos. De acordo com Lobo (2014), são eles: desengomagem, alvejamento e purga, conhecidos como beneficiamentos primários; tingimentos e estamparia são os beneficiamentos secundários e os processos especiais que garantem a estabilidade da estrutura têxtil e o enobrecimento dos tecidos ou malhas.

O beneficiamento têxtil também é uma das etapas do processo têxtil que mais polui o solo e os rios devido à quantidade de resíduos químicos resultantes de seus processos. Então, quais são as ações sustentáveis para minimizar tais danos ao planeta? De acordo com Fletcher e Grose (2012), a tecnologia e os avanços nos processos têxteis estão contribuindo para uma mudança real na produção das roupas. “No entanto, nem todos os processos ou tratamentos químicos podem ser evitados; de fato muitos são essenciais à fabricação de produtos de moda práticos e utilizáveis” (FLETCHER e GROSE, 2012). As principais ações são minimizar o número de etapas de processamento; minimizar a quantidade e a toxicidade das substâncias; combinar processos com baixas temperaturas; utilizar processos que consomem menos água e minimizar os resíduos em todas as etapas.

É importante destacar as alternativas para produtos químicos utilizados nos processos de branqueamento e tingimento dos artigos têxteis. Segundo Fletcher e Grose (2012), o cloro é muito utilizado nos processos têxteis há cerca de 20 anos nos processos de clareamento. Uma opção recente de branqueamento que não requer água e economiza até 80% das substâncias químicas normalmente são usadas no acabamento do brim, por exemplo.

O tingimento, responsável por colorir os artigos têxteis precisa de alternativas cada vez menos poluidoras, pois seus impactos envolvem uso de muita água, um gasto excessivo de energia e o uso de classes de corantes diversas, dependendo do tipo de fibra. De acordo Fletcher e Grose (2012), as alternativas seriam os corantes universais, que podem tingir várias fibras, simplificando os processos a úmido e favorecendo a reutilização dos banhos, para tingir grandes volumes de um mesmo tecido com cores repetidas. Os tingimentos com corantes naturais é uma outra alternativa, porém, a disponibilidade de matérias-primas é limitada, sendo difícil garantir a repetição das cores e a sua reprodução em larga escala.

Salcedo (2014), afirma que a indústria da moda precisa de um novo direcionamento, para reduzir os seus impactos sociais e ambientais. No processo têxtil, toda e qualquer iniciativa implementada que busque reduzir os impactos pode ser entendida como um modelo mais sustentável e é muito bem-vinda!

Bibliografia:

BERLIM, Lilyan. Moda e Sustentabilidade, uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.

FLETCHER, Kate. GROSE, Lynda. Moda e Sustentabilidade: design para mudança. São Paulo: Editora SENAC. 2012.

LOBO, Renato N.; LIMEIRA, Erika T. N. P.; MARQUES, Roseane do Nascimento. Fundamentos da Tecnologia Têxtil: da concepção da fibra ao processo de estamparia. São Paulo: Editora Érica, 2014.

SALSEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2014.

Profª. Ma. Luciana França Jorge
Docente do Curso Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Saúde Coletiva, especialista em Design Têxtil e graduada em Estilismo e Moda. É pesquisadora nas áreas têxtil, moda sustentável, moda inclusiva e em moda e saúde, além de membra do Movimento Moda Inclusiva Ceará.

Saiba mais sobre o Curso de Design de Moda da UniAteneu.