Na vida contemporânea, a tecnologia está presente em quase tudo e facilita o dia a dia. Mas também pode causar problemas graves à saúde, quando unida a substâncias químicas como a nicotina que, comprovadamente, causa dependência. Vaporizadores, cigarros eletrônicos, de tabaco aquecido, pods e outros, conhecidos como dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), são apresentados como destinados a adultos já fumantes que desejam parar de fumar e não conseguem. A realidade é que esses produtos não afastam os fumantes do fumo – ao contrário, têm atraído novos consumidores, como os jovens.
Não se deixe enganar: o cigarro eletrônico vicia e mata! A indústria tabagista usa artimanhas para vender benefícios inexistentes e falsos para atrair usuários de cigarros eletrônicos e vaporizadores para recuperar seu mercado, mas cuidado, esses dispositivos podem ser mais nocivos do que parecem. Os cigarros eletrônicos ou dispositivos eletrônicos para fumar são um tipo de cigarro mecânico-eletrônico. Em geral, eles são compostos por bateria de lítio, sensor, microprocessador, cartucho ou refil, uma solução líquida (e-liquidos), um atomizador que aquece e vaporiza esta solução e um bocal para inalação.
Dependência mais rápida e muito mais intensa: essa é a consequência dos cigarros eletrônicos na vida dos usuários. Os cigarros eletrônicos (em especial, os com formato de pen drive) causam uma síndrome de abstinência sem precedentes. Em 2019, usuários desses produtos apresentaram lesões nos pulmões que resultaram em insuficiência respiratória aguda, internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e algumas mortes. Este quadro clínico passou a ser denominado e-cigarette, or vaping, product use–associated lung injury (Evali). Nos Estados Unidos, foram registrados 2.172 casos de jovens que desenvolveram quadros respiratórios e 42 mortes foram confirmadas pelo Centers For Disease Control and Prevention (CDC) – dados de novembro/2019.
Os dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostram que 95% destes pacientes apresentaram sintomas respiratórios, tais como tosse, dor no peito e falta de ar, e 77% apresentaram sintomas gastrintestinais, como dor abdominal, náusea, vômito e diarreia. O uso de cigarros eletrônicos também aumenta o risco de infecção pelo Sars-Cov-2. Esses sistemas geralmente contêm nicotina, mas também aromas e outros produtos químicos, ou mesmo até maconha. Eles trabalham aquecendo o líquido ou óleo fornecido nos cartuchos, para produzir um aerossol com vapor que é inalado pelos pulmões.
Portanto, devido à sua toxicidade pulmonar, os usuários de cigarros eletrônicos apresentam aumento do risco para a Covid-19. Além disso, os aerossóis e os vapores gerados pelos sistemas eletrônicos podem participar da disseminação do vírus nos ambientes em que se encontram os usuários desses produtos, aumentando o risco de contaminação pelo Sars-CoV-2. Com isso, no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) defende a permanência da resolução RDC 46/2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe a produção, distribuição e comercialização de todo e qualquer produto classificado como dispositivo eletrônico para fumar, contendo ou não nicotina e tabaco. A ciência já demonstrou que não há segurança no consumo desses produtos, tampouco se conhece sua origem e processo de produção.
Já existem dados sobre os efeitos de curto prazo do uso do cigarro eletrônico: diminuição da função pulmonar, maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e aumento do risco de crise anginosa, além de danos ao sistema imunológico. Há relatos, ainda, de maior incidência de convulsões entre os adolescentes usuários.
Profª. Drª. Amanda Souza Araújo Almeida
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Ciências Médico-Cirúrgica, especialista em Pesquisa Científica, em Cuidados Paliativos, em Fisioterapia Respiratória, em Fisiologia do Exercício Físico e em Terapia Intensiva e graduada em Fisioterapia.
Conheça mais sobre o Curso de Fisioterapia da UniAteneu.