Os chamados parklets urbanos surgiram em São Francisco, nos Estados Unidos. Tratavam-se de vagas de estacionamento que passam a exercer a função de espaços públicos. Nesse sentido, por meio de uma solução criativa, o sistema “Vagas vivas”, a prefeitura buscou atrair as pessoas para as áreas públicas e, assim, diminuir o volume de carros nas ruas. A iniciativa surgiu em 2005 e permite que comerciantes, por meio de um edital e pagamento de indenização, utilizem o espaço para que as pessoas usufruam. No caso de São Francisco, faltam vagas para todos os interessados. Ainda, os parklets permitem a instalação de praças em espaços onde antes não era possível. Logo, por meio de alternativas rápidas e de baixo custo a cidade ganha novos espaços de convívio.
No Brasil, cidades como São Paulo e Florianópolis logo aderiram à iniciativa. Na capital catarinense, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) criou o Manual para a implantação de Parklets. Para o órgão: “O Parklet é uma pequena praça localizada em uma vaga de estacionamento de automóveis na via pública, que cria uma oportunidade humanização e de dinamização do Espaço Público”.
Ademais, os parklets urbanos utilizam do urbanismo tático para sua concepção. Visto que promovem a prática colaborativa na concepção do espaço. Além disso, permitem que as pessoas exponham suas ideias no projeto e na prática. Assim, os parklets são um ótimo exemplo de como o urbanismo tático foi formalizado no que tange o planejamento das cidades no mundo.
A pandemia da Covid-19 tem alterado o nosso cotidiano e a nossa relação com o espaço urbano. Por isso, discussões a respeito do futuro das nossas cidades tem se tornado frequentes. Nesse cenário, os espaços públicos destacam-se como potenciais espaços para ressocialização. Ruas, praças e parques são vistos como ambientes que podem colaborar para a retomada da vida urbana de forma segura, mantendo o afastamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, experiências recentes mostram que os parklets podem contribuir para o retorno à vida urbana após a Covid-19 por criarem espaços de lazer nas ruas e colaborarem para pequenos negócios retomarem as suas atividades.
Observações recentes apontam que o uso dos espaços públicos para a prática de atividades físicas se intensificou como consequência do fechamento das academias privadas. Assim, praças e parques têm estado mais movimentados e a tendência é que esse quadro se intensifique após o fim do isolamento. No entanto, o acesso aos espaços públicos é limitado, devido à grande desigualdade social que influencia até a distribuição de áreas livres pelas cidades brasileiras. Portanto, estratégias precisam ser desenvolvidas para evitar aglomerações e a expansão do vírus.
Prof. Me. Frederico Augusto Nunes de Macêdo Costa
Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Doutorando em Planejamento Urbano, mestre em Geografia Urbana, especialista em Gestão Ambiental e em Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental e aos Recursos Hídricos e arquiteto e urbanista
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