Uma nova era de desafios, para as sociedades e sistemas de saúde, foi iniciada com a pandemia da Covid-19. Na tentativa de diminuir os efeitos devastadores do vírus e atenuar a crise sanitária, buscou-se investir em fármacos já existentes no mercado, uma vez que o desenvolvimento de novos tratamentos poderia demandar tempo. Esta estratégia, que denominamos como reposicionamento de fármacos, nos coloca diante de uma série de considerações éticas e científicas, tais como discutir se é justificável utilizar medicamentos antes destinados a outras doenças, bem como avaliar se os benefícios superariam os riscos, mesmo diante de uma emergência sanitária.
São inúmeros os exemplos na história que apresentaram êxito nessa estratégia. Podemos citar o exemplo do fármaco Miltefosina, desenvolvido para o tratamento do câncer de mama e, mais recentemente, passou a ser utilizado no tratamento para Leishmaniose e infecções por amebas, como a Naegleria fowleri. A iniciativa mais famosa é a do Citrato de sildenafila, conhecido popularmente como Viagra, que fora desenvolvido inicialmente para hipertensão arterial e, após anos de sua utilização, foi observado que a sua função vasodilatadora agia no órgão genital masculino, sendo comercializado, portanto, para o tratamento da disfunção erétil.
O processo de pesquisa e desenvolvimento de um fármaco demanda tempo e investimentos em insumos, uma vez que estudos pré-clínicos e clínicos são necessários. Isso significa que, embora as vacinas tenham reduzido de forma significativa os casos da doença, medicamentos antivirais podem se apresentar como alternativas capazes de bloquear respostas imunes exacerbadas do organismo frente à Covid-19.
Profª. Ma. Yasmim Mendes Rocha
Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda e mestra em Ciências Farmacêuticas, especialista em Biomedicina Estética e graduada em Biomedicina
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