Nos últimos anos, as mídias sociais têm se tornado uma das principais fontes de informação usadas pelas pessoas, inclusive, sobre temáticas envolvendo alimentação e nutrição. O acesso rápido, a diversidade e a possibilidade de interação imediata com criadores de conteúdos tornaram o tema da saúde mais presente no cotidiano. Entretanto, essa democratização da informação veio acompanhada de um problema sério: a disseminação de dados imprecisos, sem embasamento científico, em muitos casos com teor sensacionalista.
A velocidade com que um vídeo ou post viraliza muitas vezes supera a capacidade de se checar a veracidade do conteúdo, os quais trazem como tema dietas restritivas, “alimentos milagrosos”, suplementos “super resolutivos” e promessas de emagrecimento rápido, seduzindo pela facilidade e apelo visual com que são disseminadas, ignorando a complexidade do organismo humano e da ciência da nutrição. Nesse cenário, influencers e criadores de conteúdo sem formação técnica acabam ganhando mais visibilidade do que profissionais habilitados, pois dominam melhor as estratégias de engajamento digital.
Isso não significa que as redes sociais passem a ser totalmente ruins. Pelo contrário, elas têm socializado o conhecimento e aproximado a população de informações baseadas em evidências, desde que utilizadas de forma adequada e crítica. Muitos profissionais da saúde e cientistas, dentre eles nutricionistas e instituições sérias, já utilizam essas plataformas para combater mitos, explicar conceitos de forma mais acessível e incentivar hábitos alimentares saudáveis.
O ponto central é que, na era digital, o consumo de informação nutricional de excelência exigirá certo letramento científico, além de senso crítico. O usuário precisa aprender a avaliar fontes, identificar sinais de pseudociência e entender que, em saúde, soluções rápidas raramente são eficazes ou seguras. Ao mesmo tempo, cabe aos profissionais da área ocuparem espaços digitais de forma estratégica, tornando a ciência mais atraente e compreensível para o público leigo.
Em um mundo onde um “reels” de 30 segundos pode influenciar escolhas alimentares mais do que anos de recomendações nutricionais, a responsabilidade pela qualidade da informação é compartilhada. Plataformas, criadores e usuários precisam reconhecer que nutrição não é moda, muito menos um “hype”, mas sim uma ciência – e que tratar esse conhecimento com seriedade é uma questão, também, de saúde pública.
Profª. Ma. Isabela Natasha Pinheiro Teixeira
Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Ateneu.
Mestranda em Saúde Coletiva, especialista em Nutrição Clínica e Fitoterapia Aplicada e em Nutrição Clínica e Esportiva e graduada em Nutrição e em Gestão Ambiental.
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