Desvendando a tríade da mulher atleta

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Introdução

A prática esportiva traz inúmeros benefícios para a saúde, tanto física quanto mental. No entanto, para as mulheres atletas, essa jornada pode vir acompanhada de um desafio específico e muitas vezes subestimado: a tríade da mulher atleta, uma síndrome interligada que engloba três condições principais: disfunção energética (com ou sem distúrbios alimentares), amenorreia e osteoporose. Este é um tema de extrema relevância, pois compreender os seus componentes e impactos é fundamental para a prevenção, diagnóstico e tratamento de condições que podem comprometer a saúde e o desempenho dessas esportistas.

Desenvolvimento

A origem dessas três disfunções frequentemente reside em uma ingestão calórica insuficiente para suprir o gasto energético demandado pelo treinamento intenso. Quando o corpo não recebe a energia necessária, ele entra em um estado de “economia”, priorizando funções vitais e comprometendo outras. O primeiro pilar, a disfunção energética, pode se manifestar desde uma baixa disponibilidade energética relativa até distúrbios alimentares clinicamente diagnosticados, como anorexia nervosa ou bulimia.

Muitas vezes, essa baixa disponibilidade energética é resultado de uma percepção equivocada sobre as necessidades calóricas para o desempenho atlético ou da pressão para atingir um peso corporal específico, comum em esportes com categorias de peso ou que valorizam a estética. A consequência direta da baixa disponibilidade energética é a amenorreia, ou seja, a ausência de menstruação por um período prolongado (geralmente três meses ou mais).

A deficiência energética afeta o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, responsável pela regulação hormonal feminina. A produção reduzida de estrogênio, um hormônio crucial para a saúde óssea, é um dos principais impactos dessa disfunção. A amenorreia, portanto, não é apenas um sinal de desregulação hormonal, mas um indicativo sério de um problema metabólico subjacente. Este é o segundo pilar da tríade, e seu aparecimento é um alerta que não deve ser ignorado por atletas, treinadores ou profissionais de saúde.

A longo prazo, a baixa densidade mineral óssea, característica da osteoporose, se torna o terceiro pilar da tríade. A falta de estrogênio, combinada com a deficiência de cálcio e vitamina D (muitas vezes presentes em casos de disfunção energética), compromete a formação e manutenção óssea, tornando os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas por estresse. Para uma atleta, uma fratura por estresse pode significar meses de afastamento dos treinos e competições, além de um risco aumentado de lesões futuras.

Conclusão

Em suma, a tríade da mulher atleta não é uma condição isolada, mas uma síndrome complexa que exige uma compreensão aprofundada e uma abordagem integrada. A conscientização sobre seus riscos e a promoção de hábitos saudáveis são as melhores ferramentas para garantir que as mulheres atletas possam desfrutar plenamente dos benefícios do esporte, alcançando o seu potencial máximo sem comprometer a sua saúde

a longo prazo. É nosso papel sermos defensores da saúde integral dessas atletas, promovendo o bem-estar e a longevidade em suas carreiras esportivas e em suas vidas.

Prof. Dr. Edfranck de Sousa Oliveira Vanderlei
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu.
Doutor e mestre em Bioquímica e graduado em Fisioterapia.

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