Às vésperas de se completar um ano da solicitação do presidente da República encaminhada por meio da mensagem nº 93, de 18 de março de 2020, a qual levou a promulgação do Decreto nª 06/2020 pelo Congresso Federal, reconhecendo o estado de calamidade devido à emergência de saúde pública de importância internacional relacionada ao novo coronavírus (Covid-19), nos vemos imersos em problemas nas mais diferentes esferas. Transporte público superlotado, comércio “não essencial” fechado (“lockdown”), hospitais públicos e privados totalmente ocupados, velocidade de vacinação lenta… E, não menos importante, dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, decorrentes do ensino remoto, até então pouco conhecido e difundido no país.
Quando discutimos os desafios da referida modalidade de ensino, vários são os fatores a serem levados em consideração. O primeiro – que afeta a todos diretamente – diz respeito à conectividade. Além da elevada quantidade de acessos, a qual sobrecarregou os servidores e os provedores de serviço de Internet, deve-se levar em consideração a não democratização desse acesso, o qual é muito diferente na hodierna sociedade. Uns, com fibra ótica de 200 MB; outros, com Internet 4G de má qualidade. Além disso, poucos são os que conseguem ter em casa um ambiente adequado de estudo, com boa iluminação, baixos níveis de ruído e pouca distração. Tais fatores são indispensáveis ao aprendizado de qualidade na modalidade remota, tão importante e necessária nessa pandemia.
Ademais, vale ressaltar que ainda não há cultura de autoaprendizagem (“self-learning”) no Brasil. Desde o período da História conhecido como Iluminismo (séc. XVIII) que existe uma grande relação de dependência da figura do professor para que o aprendizado seja considerado satisfatório. Além disso, a responsabilidade centrada no aluno, decorrente do ensino à distância, gera desconforto à maioria dos estudantes. Nesse cenário, faz-se incontestável a importância dos docentes. Os mesmos, a despeito de terem a carga de trabalho aumentada e também vivenciarem problemas de adaptação à nova modalidade de ensino, conseguiram alcançar seus objetivos, quanto à preservação da qualidade de ensino e assiduidade dos discentes nesse novo ambiente educacional. Que sejam sempre valorizados, reconhecidos, exaltados!
Por fim, devido ao fato de vivermos em um país acolhedor e caloroso, onde as relações de estima e afeição permeiam nosso cotidiano, surge mais um desafio, porém, não menos importante: a falta dos laços de afetividade proporcionados pelo ambiente escolar. Esse, por si só, já resolveria os desafios anteriormente mencionados. Não há problema de conectividade quando professor e aluno estão frente a frente; a sala de aula é favorável ao aprendizado; o aluno sente a confiança nas palavras e exemplos do querido mestre; e o benefício das relações humanas se faz presente quando estamos reunidos, seja para fins de aprendizado ou confraternização. E, por que não, os dois ao mesmo tempo?
Tenhamos esperança em futuro melhor. Que os enfermos recuperem sua saúde; que os trabalhadores recuperem seu meio de sustento familiar; que as escolas, faculdades e universidade reabram, com pessoas cheias de entusiasmo e vontade de “recuperar o tempo perdido”; e que possamos reaver nossos laços afetivos, embora nunca perdidos, mas distantes, com o intuito de se evitar um mal maior.
Prof. Me. José Ossian Almeida Souza Filho
Docente do Curso de Fisioterapia da UniAteneu
Mestre em Bioquímica w graduado em Ciências Biológicas
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