A nova rotulagem nutricional trouxe como novidade a lupa na parte frontal do rótulo, com a proposta de trazer mais transparência de informações alimentares importantes, permitindo que os consumidores façam escolhas mais assertivas, buscando alimentos mais saudáveis e que gerem um impacto menor na saúde. A lupa é utilizada para destacar produtos que possuem níveis elevados de alguns ingredientes prejudiciais à saúde, como açúcares adicionados, gordura saturada e sódio. Estes foram ressaltados pela sua relação com as principais doenças crônicas que atingem a população, assim como para auxiliar na mudança do perfil da população mundial, com uma boa parcela de pessoas obesas e sobrepesadas.
Como nutricionista, vale ressaltar que essa mudança interfere de maneira significativa no processo de educação alimentar. A rotulagem nutricional com a lupa torna as informações mais acessíveis e compreensíveis, especialmente, em um cenário em que muitas pessoas enfrentam dificuldades para interpretar as informações nutricionais tradicionais. Entretanto, alguns desafios ainda existem, sendo necessário um olhar mais crítico e com um conhecimento técnico aprofundado para esclarecer algumas lacunas que ainda existem a respeito do que foi estabelecido.
Um ponto importante é frisar que a lupa não se aplica de maneira universal a todos os tipos de pacientes. Um exemplo a ser citado são pessoas que possuem problemas intestinais que tenham que reduzir não só o consumo de açúcares de maneira geral, como o de polióis. Ambos os nutrientes poderão causar sintomas desconfortáveis. Porém, quando a lupa está presente apresentando alto teor de açúcares adicionados, não está incluso os polióis, o que irá requerer que pessoas que apresentem patologias associadas não só saibam de tal informação, como olhem a lista de ingredientes para identificar se nos ingredientes presentes existe algum prejudicial a sua condição.
Outro ponto é sobre os alimentos que requerem preparo com adição de outros ingredientes. A base para o uso da lupa é sempre para 100g dos alimentos e neste caso irá ser aplicada para o alimento pronto para o consumo, já considerando os ingredientes adicionados. Todavia, a forma de preparo é definida pelo fabricante, o que poderá gerar divergências em relação aos diferentes produtores e causar confusão na hora da comparação por parte do consumidor.
Por exemplo, caso um fabricante decida usar para o preparo leite desnatado e o outro leite integral, isso irá impactar em diferenças não só na informação nutricional do produto, como na necessidade do uso da lupa. Assim, as mudanças atuais na rotulagem nutricional caminham cada vez mais para que as informações sejam mais claras e acessíveis, mas ainda apresentam dificuldades importantes em padronizações que podem levar os consumidores a erros no momento de suas escolhas.
Profª. Drª. Danielle Alves da Silva Rios
Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Ateneu.
Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, mestra em Engenharia e Ciência de Alimentos e graduada em Nutrição e em Engenharia de Alimentos.
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