A adultização da criança e suas consequências no desenvolvimento infantil

  • Categoria do post:Educação
No momento, você está visualizando A adultização da criança e suas consequências no desenvolvimento infantil
Stop abusing violence. violence, terrified , A fearful child.Stop abusing violence. violence, terrified , A fearful child

A adultização infantil, ou seja, a exposição precoce de crianças a comportamentos e expectativas adultas, tem impactos negativos no desenvolvimento infantil, afetando suas emoções, socialização e formação da identidade. A adultização infantil ocorre quando crianças são expostas a situações, informações e comportamentos que não são adequados para sua idade, muitas vezes levando à erotização e à pressão para assumir responsabilidades e papeis de adultos, podendo acontecer de diversas formas, principalmente, nas redes sociais, onde assumem responsabilidades para produzir conteúdo, vender e outros compromissos financeiros, de marketing e em busca de “likes” para um engajamento maior.

O conceito de infância apresentado por Ariès (2014) revela que, na sociedade medieval, as crianças eram tratadas como adultos e assumiam comportamentos semelhantes aos deles. No entanto, com o advento da Idade Moderna, surgiu o chamado “sentimento de infância”, que passou a reconhecer e valorizar as especificidades da criança. Já Elkind (2004) e Postman (2012) argumentam que, na contemporaneidade, esse sentimento tende a se dissipar, uma vez que as crianças têm acesso precoce a elementos próprios da vida adulta, o que contribui para o processo de adultização, gerando consequências.

A adultização precoce pode gerar impactos profundos e duradouros no desenvolvimento infantil. Crianças submetidas a esse processo tendem a apresentar quadros de ansiedade, depressão e dificuldades na construção de vínculos sociais, além de enfrentarem obstáculos na formação de uma identidade própria. A exigência por comportamentos mais maduros compromete vivências fundamentais para um crescimento saudável, como a brincadeira livre – elemento essencial para o estímulo da criatividade, do aprendizado e da estabilidade emocional. Ao serem privadas dessas experiências, muitas crianças chegam à vida adulta com limitações para enfrentar desafios cotidianos e com níveis reduzidos de autoestima.

Enfrentar os efeitos da adultização infantil exige uma ação conjunta da sociedade – envolvendo famílias, instituições educacionais e políticas públicas. É fundamental assegurar que as crianças possam vivenciar plenamente a sua infância, com espaço para o brincar, o lazer e o desenvolvimento emocional. Medidas como o acompanhamento do acesso a conteúdos digitais, a promoção de uma educação equilibrada e a construção de ambientes familiares e sociais acolhedores são indispensáveis para preservar a saúde integral da criança. O caminho para um crescimento saudável passa pelo equilíbrio entre aprendizado, diversão e responsabilidades compatíveis com cada fase da vida, garantindo segurança, autonomia e uma autoestima fortalecida.

Referências

ARIÈS, Phillippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
ELKIND, David. Sem tempo para ser criança: a infância estressada. Porto Alegre: Artmed, 2004.
POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 2012.

Profª. Lucíola Lima Caminha Pequeno
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu.
Especialista em Docência em EaD e graduada em Pedagogia.

Saiba mais sobre o Curso de Pedagogia da UniAteneu.