A resistência antimicrobiana é hoje reconhecida como uma das maiores ameaças à saúde pública global. Quando associada aos microrganismos presentes em alimentos, esse fenômeno ganha contornos ainda mais preocupantes, pois afeta diretamente a segurança alimentar, a qualidade de vida da população e os sistemas de saúde. Para os futuros nutricionistas, compreender a dimensão desse problema é essencial, uma vez que a profissão está intrinsecamente ligada à promoção da saúde e à garantia de alimentos seguros.
O uso indiscriminado de antibióticos na pecuária, na aquicultura e até na agricultura tem favorecido a seleção de bactérias resistentes, que podem ser transmitidas ao ser humano por meio do consumo de carnes, leite, ovos, vegetais irrigados com água contaminada e até mesmo alimentos processados. Bactérias como Salmonella spp., Escherichia coli e Staphylococcus aureus, frequentemente associadas a surtos alimentares, já apresentam cepas resistentes a múltiplos fármacos, o que dificulta o seu tratamento clínico.
Do ponto de vista nutricional e de saúde pública, essa realidade amplia o risco de surtos alimentares graves, prolonga internações hospitalares, aumenta os custos com saúde e compromete a eficácia de antibióticos que antes eram amplamente utilizados. Além disso, a resistência antimicrobiana rompe a confiança do consumidor em determinados alimentos e impacta diretamente a cadeia produtiva.
É fundamental destacar que o enfrentamento desse problema não depende apenas de políticas de saúde, mas também de ações interdisciplinares. O nutricionista tem papel ativo nesse processo, ao orientar práticas de manipulação seguras, incentivar o consumo consciente e apoiar programas de vigilância alimentar. Além disso, a educação nutricional pode contribuir para a conscientização da população quanto à importância da escolha de alimentos provenientes de cadeias produtivas mais sustentáveis e responsáveis.
Portanto, a resistência antimicrobiana em microrganismos de alimentos é um alerta para a necessidade de maior integração entre saúde, nutrição e produção de alimentos. Mais do que uma preocupação técnica, trata-se de um desafio ético e social, que exige dos profissionais de nutrição o compromisso de aliar conhecimento científico, práticas seguras e responsabilidade na defesa da saúde coletiva.
Profª. Drª. Markênia Kélia Santos Alves Martins
Docente do Curso de Nutrição e coordenadora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Biotecnologia em Saúde, mestra em Microbiologia Médica, especialista em Microbiologia e Micologia e graduada em Análises Clínicas e Toxicológicas e em Farmácia
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