Os fitoterápicos são medicamentos derivados de plantas medicinais, cujos princípios ativos são padronizados e cuja eficácia e segurança devem ser comprovadas por meio de estudos científicos rigorosos. Diferentemente dos remédios caseiros ou tradicionais, os fitoterápicos passam por processos formais de validação, incluindo ensaios clínicos que asseguram a qualidade farmacotécnica, a posologia adequada, os efeitos adversos potenciais e as interações medicamentosas.
O uso crescente desses produtos em escala global, sobretudo, em países que adotam políticas públicas voltadas à medicina natural, reflete a sua consolidação como alternativa terapêutica complementar à medicina convencional. No Brasil, a incorporação dos fitoterápicos é incentivada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente, por meio do programa Farmácia Viva, que promove o cultivo, preparo e prescrição racional de plantas medicinais, sob responsabilidade técnica de farmacêuticos. Essa iniciativa reforça a articulação entre o saber tradicional e o conhecimento científico validado.
No âmbito das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics), os fitoterápicos configuram uma abordagem terapêutica que valoriza os saberes populares e o uso racional de recursos naturais no cuidado à saúde. Reconhecidos pelo SUS, esses medicamentos são inseridos em um modelo de atenção integral, que considera os aspectos físicos, emocionais, sociais e culturais do indivíduo. O seu uso baseia-se em evidências científicas associadas à tradição empírica, promovendo a eficácia terapêutica aliada à segurança clínica.
Além disso, os fitoterápicos ampliam o acesso a tratamentos naturais e sustentáveis, favorecendo a autonomia dos usuários e fortalecendo práticas de cuidado humanizado. Enquanto Pics, essas terapias contribuem para a construção de um sistema de saúde mais inclusivo, plural e centrado na pessoa. A classificação dos fitoterápicos se dá conforme a sua indicação terapêutica, destacando-se os grupos com ações anti-inflamatória, antimicrobiana, ansiolítica, digestiva, expectorante, entre outras.
No contexto clínico, os fitoterápicos com atividade anti-inflamatória são, especialmente, relevantes, dada a sua ampla aplicação no tratamento de processos inflamatórios agudos e crônicos. Espécies como Harpagophytum procumbens (garra-do-diabo), Curcuma longa (cúrcuma) e Salix alba (salgueiro-branco) apresentam compostos bioativos capazes de modular mediadores inflamatórios, como prostaglandinas e citocinas. Esses fitoterápicos representam alternativas terapêuticas promissoras, com menor incidência de efeitos adversos em comparação aos anti-inflamatórios sintéticos, configurando uma vertente importante da fitoterapia baseada em evidências.
Na Fisioterapia, o uso de fitoterápicos anti-inflamatórios tem se consolidado como estratégia complementar no manejo de condições musculoesqueléticas, incluindo dores, inflamações articulares e lesões teciduais. Plantas como Arnica montana, Curcuma longa e Salix alba têm sido amplamente utilizadas devido às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, reconhecidas por estudos clínicos e etnofarmacológicos.
Esses compostos podem ser administrados por via tópica ou oral, proporcionando alívio sintomático local ou sistêmico, conforme a indicação clínica. Na prática fisioterapêutica, o seu uso requer individualização do tratamento, atenção às interações com outras terapias e garantia da segurança do paciente. A associação entre fitoterápicos e técnicas convencionais pode potencializar os resultados terapêuticos e favorecer a reabilitação funcional de forma mais natural e eficaz.
Apesar da crescente aceitação, a utilização de fitoterápicos na Fisioterapia ainda enfrenta desafios relevantes, como a padronização dos extratos, a escassez de ensaios clínicos randomizados e o preconceito institucional com relação às terapias integrativas. No entanto, o avanço das pesquisas científicas, o fortalecimento da regulamentação sanitária e a promoção da fitoterapia baseada em evidências projetam um cenário favorável à sua incorporação sistemática. Assim, a integração dos fitoterápicos ao cuidado fisioterapêutico representa uma estratégia inovadora, segura e promissora para a promoção da saúde e a recuperação funcional dos pacientes.
Prof. Dr. Alexandre Pinheiro Braga
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu.
Doutor e mestre em Saúde Coletiva, especialista em Saúde Coletiva, em História e Cultura Afro-Brasileira, em Gestão da Assistência Farmacêutica, em Farmacologia Clínica, em Saúde Pública, em Administração Hospitalar e Gestão da Qualidade em Sistemas de Saúde e graduado em Pedagogia, Teologia, Química e Farmácia.
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