Há alguns dias, exatamente em 21 de junho de 2021, uma notícia abalou o mercado financeiro e de capitais nacional: Anitta, a super estrela do funk brasileiro, se tornara membra efetiva do Conselho de Administração do Nubank, maior startup brasileira e classificada como o maior unicórnio da América Latina. A empresa anunciou que a cantora chega “com a missão de ajudar a desenvolver produtos e comunicações cada vez mais focadas em empoderar as pessoas”.
Não demorou e os “odiadores” de plantão começaram a espalhar toda a sua ira gratuita pelas redes sociais e em canais especializados, atirando contra a fintech brasileira e contra a artista, como dignos “inteligentinhos” (classificação utilizada por Luiz Felipe Pondé para aqueles que falam como especialista sobre aquilo que pouco sabem). Não faltavam frases do tipo “Qual o mérito da Anitta para se tornar conselheira frente alguém com anos de estudos”, “Como fica a cara de quem estudou anos e ver alguém assumir uma posição como essa do nada”, “Quebrei meu cartão Nunbank”, “Uma empresa que coloca Anitta como conselheira não é confiável” e “Já retirei meu dinheiro do Nubank”.
Então, os verdadeiros especialistas, através de seus canais, passaram a encher a Internet com suas opiniões para atender um clamor quase desesperado de seus seguidores em os ajudar a entender qual o real risco daquela união. Cuidadosos e reticentes com a reação do público, tentaram pontuar algumas falhas na forma como se deu a parceria para no fim chegar à conclusão inevitável: “Tem muito mais para dar certo, do que para dar errado!”.
E isso é lógico! Primeiramente, o que se precisa entender é que, mais do que uma contratação, a relação Nubank-Anitta trata-se de uma associação de marcas, uma parceria, um grande negócio (visto o tamanho de ambas). E em negócios não se pode analisar ou tomar decisões com base no seu gosto individual (pouco importa se gosta ou não de funk) ou nas diferenças morais (comportamento, religiosidade, opinião política etc.) que você possa ter com um terceiro. O que importa é o que o cliente (ou a persona como os marketeiros de plantão podem falar) pensa sobre aquilo, pois é o interesse dele que ditará as oportunidades daquele negócio.
E quem é o cliente do banco que abriu suas portas para “que todas as pessoas possam reinventar suas vidas financeiras” (inclusive aquelas que não tinham oportunidade no sistema bancário convencional) e que optou pelo digital e tem como objetivo desburocratizar o sistema, se dizendo “contra burocracia, papelada, agências e centrais de atendimento caras e ineficientes”? E quem é o público de uma das estrelas pops latino-americanas de maior influência da atualidade? Não te parece que há uma aderência se considerarmos que são jovens, sem histórico bancário, muitas vezes sem renda, longe das grandes avenidas onde estão as agências bancárias e sem paciência para esperar, pois “o bonde tá passando” em suas vidas?!
Para além disso, tem a visão de futuro (de ambas as partes). Anitta quer mostrar para o mundo (nessa internacionalização que sua carreira atravessa) que é mais do que talento artístico e um corpo sensual, quer mostrar para os críticos que não “deu sorte”. Já o Nubank quer alcançar o mundo, partindo pela América Latina, onde já está em outros três países além do Brasil (Argentina, Colômbia e México – os dois últimos onde a artista já é sucesso absoluto). São marcas em expansão, compartilhando o mesmo interesse geográfico e o mesmo nicho de público.
Enquanto o Brasil tenta entender o porquê, a parceria não perde tempo. Na última segunda-feira (06), às 10h, numa live com música de espera em ritmo de funk eletrônico, já lançaram um novo produto, um novo cartão chamado de Nubank Ultravioleta (o Mastercard Black da fintech, com foco na estética, inovação, benefícios personalizáveis, enfim, exclusividade), do qual a cantora foi o primeiro cliente a recebê-lo.
Na apresentação do produto, o banco deixou claro querer ser cada vez mais de todos (mensagem direta ao público da artista que abrange diversas “tribos”) e apresentou os atributos que levaram a eleição de sua nova conselheira (em mensagem igualmente direta ao mercado financeiro e de capitais), valorizando os pontos que os aproxima e torna “um a cara da outra”. Não faltaram palavras como reinvenção, inovação, empoderamento, conexão, relacionamento, inconformados etc.
A cantora fez questão de mostrar que se preparou com aulas de economia entre outras para compor o conselho (do qual já participou da primeira reunião) e que um dos fatores do seu sucesso em qualquer frente que atuou sempre foi observar o que os outros faziam de bom (benchmarking), inovar e aplicar: “Tenho medo, mas eu vou com medo mesmo!”.
Ambos mostraram que planejamento e estudo não faltaram. Vivem um verdadeiro namoro apaixonado! E você, ainda está perdendo tempo criticando ou já começou a planejar e analisar suas oportunidades de futuro? É preciso aprender a observar, aprender a inovar e aprender a aplicar. Cuida!
Cláudio Costa
Contador de formação e apaixonado por Gestão na Área de Gestão Estratégica (AGE) da UniAteneu