Nutricionista: a peça que faltava no cuidado da menopausa

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A menopausa é um marco inevitável na vida da mulher. Costuma chegar por volta dos 45 a 55 anos, trazendo consigo não apenas o fim do ciclo reprodutivo, mas também uma série de transformações físicas e emocionais. Ondas de calor, insônia, irritabilidade, ganho de peso, perda de massa muscular, ressecamento da pele e maior risco de doenças como osteoporose e cardiovasculares compõem o cenário que tantas mulheres descrevem.

Durante muito tempo, a atenção à menopausa ficou quase exclusivamente restrita à área médica. Porém, cada vez mais se reconhece que a alimentação é um dos fatores determinantes para atravessar essa fase com qualidade de vida. E aqui entra a figura central do nutricionista, um profissional que não apenas orienta sobre o que comer, mas que desenha um verdadeiro plano de saúde.

Mais que dieta: estratégia personalizada

É comum pensar na nutrição como “listas de alimentos permitidos e proibidos”. Mas o trabalho do nutricionista vai muito além disso. Na menopausa, ele se torna uma estrategista da saúde, avaliando o histórico clínico, exames laboratoriais, composição corporal, sintomas e até a rotina da paciente para montar um plano individualizado. Se a mulher sofre com insônia, o nutricionista pode ajustar nutrientes que favorecem a produção de serotonina e melatonina.

Se há risco de osteoporose, a prioridade passa a ser cálcio, vitamina D, magnésio e proteínas adequadas. Se a queixa principal é o ganho de gordura abdominal, a estratégia pode envolver o controle da glicemia, ajustes no consumo de carboidratos e incentivo a alimentos de baixo índice glicêmico. Esse olhar clínico e personalizado faz toda a diferença. Cada mulher vive a menopausa de forma única, e é justamente a nutrição que permite adaptar o cuidado às necessidades individuais.

O poder da comida certa na hora certa

A ciência já mostrou que alimentos podem ser tão eficazes quanto medicamentos auxiliares no alívio dos sintomas da menopausa. Os fitoestrógenos, presentes na soja, na linhaça e no grão-de-bico, mimetizam parcialmente a ação do estrogênio, ajudando a reduzir ondas de calor e melhorar o bem-estar. O consumo adequado de proteínas preserva a massa muscular, essencial para manter metabolismo ativo e prevenir sarcopenia.

As gorduras boas, como as do azeite de oliva, das oleaginosas e dos peixes ricos em ômega-3, são fundamentais para proteger o coração, órgão especialmente vulnerável após a queda hormonal. E uma alimentação com perfil anti-inflamatório – rica em frutas, vegetais, ervas, especiarias e cereais integrais – reduz dores articulares, melhora o humor e fortalece a imunidade. Cada ajuste tem impacto direto no cotidiano da mulher, proporcionando mais energia, vitalidade e disposição para enfrentar as mudanças dessa fase.

Nutricionista: educador e aliado.

Outro aspecto que reforça a importância desse profissional é o papel educativo. O nutricionista não se limita a prescrever, ele ensina. Traduz a ciência em linguagem acessível, mostra como preparar refeições práticas, orienta combinações que potencializam nutrientes e acompanha de perto as conquistas e dificuldades. Esse apoio próximo traz acolhimento em um momento que muitas mulheres vivem com insegurança. O nutricionista devolve autonomia, ajudando a paciente a sentir que tem controle sobre o seu corpo e as suas escolhas. Isso é tão terapêutico quanto qualquer medicamento.

Um cuidado incompleto sem nutrição.

É preciso dizer com clareza: sem o nutricionista, o cuidado da menopausa fica incompleto. Médicos podem prescrever reposição hormonal, psicólogos podem oferecer suporte emocional, mas quem ajusta a base diária – a alimentação – é o nutricionista. Afinal, é por meio da comida que a mulher pode, todos os dias, influenciar a sua saúde óssea, cardiovascular, metabólica e emocional. A menopausa não precisa ser encarada como o início do declínio, mas como uma fase de transformação e autoconhecimento.

E para que essa transformação seja positiva, é indispensável reconhecer o papel protagonista da nutrição. Mais do que nunca, é hora de romper com a ideia de que o nutricionista é um coadjuvante. Na menopausa, ele é protagonista. Porque envelhecer com saúde não depende apenas de consultas médicas pontuais, mas de escolhas conscientes, feitas diariamente – e guiadas por quem entende profundamente o poder da nutrição.

Profª. Ma. Christielle Félix Barroso de Lima
Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Ateneu.
Mestra em Nutrição e Saúde, especialista em Nutrição Clínica Funcional e em Fitoterapia Funcional e graduada em Nutrição.

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