Cartografia geotécnica: alicerce para o planejamento urbano sustentável

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A cartografia geotécnica tem se consolidado como uma ferramenta essencial para o ordenamento territorial urbano, especialmente, em contextos de crescimento acelerado e ocupações desordenadas. Ao integrar dados geológicos, geotécnicos e geomorfológicos em representações espaciais, essa abordagem permite compreender as potencialidades e limitações do terreno, subsidiando decisões mais seguras e sustentáveis no planejamento urbano.

A experiência acumulada em projetos de infraestrutura urbana revela que a ausência de estudos geotécnicos prévios frequentemente resulta em obras com alto custo de manutenção, instabilidades de taludes, recalques diferenciais e, em casos extremos, colapsos estruturais. A cartografia geotécnica, nesse sentido, atua como um instrumento preventivo, orientando a ocupação do solo com base em critérios técnicos e científicos. E assim, poderíamos evitar uma situação dessas de deslizamento de terras, conforme imagem 1 a seguir. 

Foto 1 – Chuvas destruíram casas e estradas em Porteiras (em 28/03/2023) – E 3.500 pessoas estão desalojadas ou vivendo em áreas de risco em 15 cidades em emergência pelas chuvas.(Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/3500-pessoas-estao-desalojadas-ou-vivendo-em-areas-de-risco-em-15-cidades-em-emergencia-pelas-chuvas-1.3351294 )

Além de sua aplicação direta em projetos de engenharia, a cartografia geotécnica desempenha papel estratégico na gestão pública. Ao fornecer mapas temáticos que indicam zonas de risco, áreas com restrições construtivas e regiões propícias ao desenvolvimento urbano, ela contribui para a elaboração de planos diretores mais eficazes e resilientes. Essa integração entre geotecnia e planejamento urbano é fundamental para mitigar impactos ambientais, reduzir vulnerabilidades sociais e promover cidades mais seguras.

É importante destacar que a elaboração de cartografia geotécnica exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo geólogos, engenheiros geotécnicos, geógrafos e urbanistas. A coleta de dados em campo, a análise laboratorial de solos e rochas, e o uso de tecnologias como Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são etapas cruciais para garantir a qualidade e a confiabilidade dos mapas produzidos.

Portanto, investir na cartografia geotécnica não é apenas uma questão técnica, mas uma escolha política e social. Trata-se de reconhecer que o solo urbano não é um suporte neutro, mas um elemento ativo que influencia diretamente a segurança, a funcionalidade e a sustentabilidade das cidades. Ao incorporar essa ferramenta ao ordenamento territorial, gestores públicos e profissionais da Engenharia contribuem para a construção de um futuro urbano mais justo e equilibrado.

Profª. Roselena Barreto Cavalcante
Docente do Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Ateneu.
Mestranda em Administração de Empresas, tem MBA em Gestão Empresarial, especialista em Engenharia Ambiental e Saneamento Básico e em Engenharia de Segurança do Trabalho e graduada em Engenharia Civil.

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