Autocuidado como prática transformadora: a atualidade da Teoria de Orem

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A Enfermagem contemporânea tem buscado se firmar como ciência comprometida não apenas com o cuidado técnico, mas também com a promoção da autonomia e da qualidade de vida dos indivíduos. Dentro desse cenário, a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem ganha destaque por propor que o ato de cuidar deve partir da compreensão das necessidades do paciente e da sua capacidade de autocuidado. Diante dos desafios enfrentados no sistema de saúde brasileiro, especialmente, na atenção primária e no acompanhamento de doenças crônicas, retomar as bases teóricas de Orem é uma estratégia essencial para transformar a prática assistencial.

A teoria de Orem defende que todos os indivíduos possuem a capacidade – ainda que limitada – de cuidar de si mesmos. Quando essa capacidade é prejudicada por condições de saúde, cabe ao profissional de Enfermagem intervir com foco na restauração da autonomia. Esse modelo estabelece três sistemas de cuidado: totalmente compensatório, parcialmente compensatório e de apoio-educação. Na prática, isso significa que o enfermeiro não apenas executa cuidados, mas ensina, orienta e capacita o paciente e a sua família, promovendo a corresponsabilidade pelo tratamento e prevenindo novas complicações.

Em tempos de crise sanitária, como a vivida com a pandemia da Covid-19, a importância do autocuidado ficou evidente. Estratégias como higienização adequada das mãos, adesão à vacinação e manejo de comorbidades exigiram dos indivíduos atitudes proativas em relação à própria saúde. Neste sentido, os profissionais de Enfermagem atuaram como educadores em saúde, alinhando-se diretamente com os princípios propostos por Orem. Além disso, a aplicação dessa teoria fortalece a relação entre enfermeiro e paciente, incentivando o diálogo, o respeito à individualidade e a construção de vínculos terapêuticos mais eficazes.

Portanto, compreender e aplicar a Teoria do Autocuidado na formação e na prática do enfermeiro é fundamental para garantir um cuidado mais ético, humanizado e transformador. Mais do que uma ferramenta teórica, ela se apresenta como um instrumento de empoderamento, promovendo mudanças significativas na forma como os profissionais enxergam o papel do paciente no processo de saúde-doença. Orem nos convida a repensar o cuidado, tirando-o do campo puramente técnico e levando-o para o campo da educação, da autonomia e da cidadania.

Prof. Dr. Samuel Ramalho Torres Maia
Coordenador do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Ateneu.
Doutor e mestre em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, especialista em Gestão, Auditoria e Perícias em Sistema de Saúde e em Urgência e Emergência Pré-Hospitalar e graduado em Enfermagem.

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