Saúde mental e exclusão social: qual o papel do Serviço Social?

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Introdução

A exclusão social agrava o sofrimento psíquico e enfraquece a capacidade de buscar cuidado. Desemprego, racismo, violências, moradia instável e fome criam um círculo de perdas que empurra o sujeito e suas famílias para a margem. Este texto apresenta como o Serviço Social atua para reduzir barreiras de acesso, articular redes de proteção e apoiar projetos de vida, sem separar cuidado e direitos. O foco é mostrar caminhos práticos no cotidiano dos serviços, em linguagem direta.

Desenvolvimento

A saúde mental não depende só de uma abordagem clínica. Depende de renda, tempo para viver, vínculos fortalecidos e oportunidades reais. Quando esses pilares faltam, a dor se mistura ao medo e ao estigma. O Serviço Social trabalha justamente nesse encontro entre história de vida e políticas públicas. Primeiro, acolhe. Ouvir sem pressa e registrar o que importa abre portas para um plano possível. Mapear documentos, pendências legais, vínculos familiares e rede de apoio evita que o indivíduo enfrente as suas dificuldades sozinhas.

Depois, garante circulação na rede. Marcar atendimento e confirmar retorno, articular atenção básica, Centro de Atenção Psicossocial (Caps), hospital, assistência, escola e trabalho dá continuidade ao cuidado. Encaminhar com responsabilidade supõe contato entre equipes, prazos definidos e retorno combinado. Sem isso, o sujeito se ausenta do serviço e o desafio se torna ainda maior. Há também a defesa de direitos.

Cadastro atualizado, acesso a transferência de renda, benefícios assistenciais, políticas de habitação e proteção contra violências aliviam pressões que agravam o sofrimento. Cada direito efetivado diminui a urgência e abre espaço para cuidar do que é subjetivo. Educação em direitos, grupos de convivência e assembleias de usuários combatem estigma e fortalecem o senso de pertencimento.

No plano da gestão, o Serviço Social qualifica fluxos, monitora indicadores simples e sustenta decisões com dados. Espera longa, faltas recorrentes e altas sem continuidade são sinais de alerta que pedem ajuste de rotas. Formação permanente, supervisão e trabalho em conjunto fazem diferença quando o dinheiro é curto e a demanda está alta. Metas pequenas sustentam avanços. Ética e sigilo orientam cada passo do cuidado.

Conclusão

A exclusão social não é detalhe – é o reflexo mais cruel das desigualdades que optamos em ignorar. Ela reorganiza a vida e molda o jeito como cada pessoa sofre e busca ajuda. O Serviço Social, ao unir acolhimento, articulação de rede e defesa de direitos, transforma o cuidado em compromisso público. Fortalecer a rede de atenção psicossocial, ampliar portas de entrada, garantir renda mínima e moradia segura, cuidar de pessoas que cuidam e escutar a comunidade são medidas que mudam trajetórias. Quando o cuidado considera condições de existência e reconhece a voz do usuário, a clínica ganha sentido e a vida volta a ter horizonte.

Profª. Nádila Marinho de Souza Silva
Docente do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu.
Especialista em Saúde Mental e graduada em Serviço Social.

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