A anquiloglossia é uma anomalia oral congênita, caracterizada pelo freio lingual curto e anteriorizado, alterando os movimentos e funções da língua, como sucção, fala e alimentação. A etiologia da anquiloglossia parece estar associada a alguns fatores como sexo masculino e história familiar positiva. Embora seja uma alteração relativamente comum, com prevalência variando de 0,1 a 10,7%, o indivíduo afetado pode apresentar problemas relacionados à amamentação, mastigação, deglutição, fala, articulação e alterações dentárias.
O laser representa hoje um avanço na área tecnológica, com repercussão nas áreas médicas e odontológicas. Nas últimas décadas, o laser de diodo se tornou um instrumento atraente para procedimentos cirúrgicos de tecido mole, apresentando vantagens em relação às técnicas convencionais. Laser é o acrônimo de Light Amplification by Stimulation Emission of Radiation (amplificação da luz por emissão estimulada de radiação). Essa luz possui características específicas e especiais que a diferem de outros tipos de luz, sendo monocromática, direcional e coerente.
Os lasers de diodo são hoje os lasers mais utilizados na tecnologia de mercado, por serem de fácil acesso, baixo custo e simples montagem, quando comparados aos outros tipos de lasers. Diversas funções orais podem ser afetadas pela restrição do movimento da língua relacionada à anquiloglossia, como sucção, deglutição, fala, mastigação e movimentos articulares. O diagnóstico precoce de um frênulo espesso ou encurtado com limitação dos movimentos linguais é essencial, especialmente, ao nascimento ou na infância.
A frenectomia e a frenotomia são procedimentos cirúrgicos comumente realizados para a remoção de freios patológicos, sendo normalmente realizados na técnica convencional com tesouras e/ou lâminas cirúrgicas. No entanto, o uso dos lasers de alta potência, especialmente, o de diodo, tem ganhado popularidade nos últimos anos no Brasil e no mundo.
As abordagens cirúrgicas convencionais (com lâmina fria) certamente representam uma limitação para o tratamento da anquiloglossia tanto em adultos quanto em crianças, pois são bastante invasivas e associadas a sangramento intraoperatório, edema pós-operatório e limitação funcional dos movimentos da língua por pelo menos uma a duas semanas após a cirurgia. O laser de diodo mudou as abordagens de tratamento, devido às capacidades do laser de corte e coagulação tecidual, à ausência de sutura e à cicatrização mais rápida da mucosa oral.
Os principais efeitos e vantagens do laser de alta potência de diodo incluem: maiores índices de hemostasia, selamento microvascular, precisão de corte, melhor visualização do campo operatório, redução de dor pós-operatória e inflamação, reparo tecidual acelerado, menores índices de complicação pós-operatória, entre outros, sendo o custo uma das limitações de utilização.
Em síntese, há evidências de que a anquiloglossia pode causar pega inadequada e dor no mamilo em comparação com bebês sem anquiloglossia. Estudos indicam a frenotomia para a melhora da anquiloglossia neonatal, e mostraram um consistente benefício. Espera-se eu o aprimoramento da técnica de cirurgia do freio reduza e melhore o reparo dos tecidos moles.
Estudos sobre os lasers de alta potência em cirurgias de freios orais demonstraram reduções do tempo operatório, sangramento e complicações relacionadas ao procedimento, melhor visualização de campo, reparação e qualidade da sucção do lactente, cauterização e descontaminação dos tecidos e menor necessidade de anestésico local. Porém, ainda não há consenso no comprimento de onda e parâmetros do laser de alta potência mais indicados nos procedimentos.
Profª. Mariana Laprovítera Teixeira Carneiro
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu.
Mestranda em Ciências Odontológicas, especialista em Aleitamento Materno com ênfase em Neonatologia, em Odontopediatria e em Implantodontia e graduada em Odontologia.
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