Quando pensamos em Educação Básica, logo nos remetemos aos dados sobre os níveis de escolarização de crianças e jovens estudantes brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, os dados vêm melhorando, mas ainda apresentam uma larga desigualdade, especialmente, a partir da adolescência, quando uma parte expressiva dos jovens ainda interrompe os estudos, por exemplo, para trabalhar no caso dos meninos e as meninas em uma grande parcela porque ficam grávidas.
O país tem 10,1 milhões entre 14 e 29 anos que não frequentam a escola e nem concluíram o Ensino Médio, sendo 7,2 milhões pretos ou pardos. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada em 2019. Nesta perspectiva este artigo busca trazer uma reflexão sobre a preocupação dos pais, professores e profissionais da escola, no sentido de ficarmos alerta e este contexto. Pois, temos a certeza, de que o aluno que não tem oportunidade de estudar terá mais dificuldade de enfrentar o mercado de trabalho, e isso que nem estamos pensando em que a maioria não vai chegar ao Ensino Superior, mas que precisa ter uma formação para trabalho, ter um sustento e fugir da marginalidade.
Assim aproveitando os 40 anos de profissão trabalhando com alunos desde a Educação Infantil até a pós-graduação, e especificamente na atualidade em cursos da área da Saúde como Educação Física, Fisioterapia, Enfermagem e Nutrição, no Rio Grande do Sul e na cidade de Fortaleza, pode-se entender que, além de todas as dificuldades de se manter na escola, os estudantes também enfrentam uma escola com características do século XIX, não apresentando uma formação que gere possibilidades por meio de habilidades e competências necessárias para o desenvolvimento humano geral, ou seja, não estamos dizendo que as habilidades técnicas não sejam importantes, mas sozinhas não se bastam para atender o mercado de trabalho vigente, havendo a necessidade de se desenvolver habilidades socioemocionais que completem o saber fazer, saber o porquê está fazendo e compreender o que faz.
Com este olhar através de lentes diversas percebemos que muitos alunos do Ensino Superior estão inseridos, mas não inclusos com este fim, pois não sabem lidar com capacidades como autonomia e determinação, e que são tão importantes na formação, não tendo claro o que é necessário desenvolver nos seus cursos nos primeiros semestres, ou seja, ficam perdidos. Esta situação ameniza para alguns alunos, os mais interessados e que entendem o contexto do Ensino Superior e se desapegam do modelo tradicional de ensino vivido na Educação Básica, conseguindo ter uma visão de uma nova educação, onde o aluno é o protagonista, ele promoverá as descobertas, ele prototificará suas ideias, solucionará problemas e também se ajustará às discussões em equipes, aceitará as diferenças e juntos construirão as soluções e apresentarão resultados incríveis.
Enfim, acreditamos que uma formação humana, colaborativa e criativa através da nova proposta oferecida pela base nacional comum curricular a partir de 2020 poderá atender a um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais às necessidades do futuro, com habilidades técnicas, pessoais e socioemocionais mais eficientes. Portanto, uma formação básica mais sólida e que estimule os estudantes brasileiros numa perspectiva mais justa de competitividade no mercado profissional.
Profª. Drª Doralice Orrigo da Cunha
Docente do Curso de Educação Física da UniAteneu
Doutora em Ciências da Atividade Física e dos Esportes
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