O avanço da Inteligência Artificial (IA) tem promovido transformações significativas na área da saúde, incluindo a estomatologia. A utilização da IA no diagnóstico de lesões bucais emerge como uma inovação promissora, com potencial para melhorar a precisão diagnóstica, otimizar o tempo de resposta e personalizar o tratamento dos pacientes. Contudo, essa nova fronteira tecnológica traz consigo desafios éticos e práticos que precisam ser cuidadosamente considerados.
Recentemente, o uso de algoritmos para a análise de imagens clínicas se tornou uma das principais aplicações da IA na estomatologia. Estudos demonstram que tais algoritmos podem identificar alterações de cor, volume ou elevações na mucosa oral, que, muitas vezes, passam despercebidas ao olho humano. Desse modo, os níveis de precisão diagnóstica aumentam e, especialmente, em regiões onde o acesso a especialistas em lesões bucais é limitado, favorece um maior suporte a clínicos gerais, permitindo diagnósticos precoces.
Para além de melhorar a acurácia diagnóstica, a IA também pode ser uma ferramenta poderosa no suporte à decisão clínica. Sistemas de IA são capazes de sugerir opções de tratamento baseadas em dados atualizados e em análises de casos semelhantes, proporcionando ao profissional de saúde um auxílio adicional na elaboração do plano de tratamento. Esse aspecto é particularmente relevante quando se trata de lesões bucais, que muitas vezes requerem decisões rápidas e precisas para evitar complicações graves.
Entretanto, o crescente uso da IA na estomatologia levanta importantes questões éticas. A transparência nos processos algorítmicos, a privacidade dos dados dos pacientes e a responsabilidade pelos diagnósticos automatizados são apenas alguns dos temas que necessitam de regulamentação e vigilância constante. Há também a necessidade de garantir que o uso da IA complemente, e não substitua, a expertise humana, preservando o valor insubstituível do julgamento clínico dos estomatologistas.
Ao aprimorar a precisão e a eficiência dos diagnósticos, a IA tem o potencial de transformar o atendimento ao paciente, desde que suas implementações sejam realizadas com responsabilidade e dentro de um marco ético bem definido. A combinação da tecnologia com o conhecimento humano pode criar um novo padrão de cuidado, mais seguro e eficaz.
Profª. Ma. Joyce Magalhães de Barros
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu.
Mestra em Ciências Odontológicas e graduada em Odontologia, especializanda em Implantodontia e coordenadora da Clínica Escola de Odontologia da UniAteneu.
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